Especialistas em economia no Ceará retomam otimismo
A pesquisa Índice de Expectativas dos Especialistas em Economia (IEE) do período maio-junho, foi divulgada ontem, e mostrou, ao contrário da realizada no bimestre anterior (março-abril), que os especialistas em economia consultados estão mais otimistas, no que diz respeito à situação dos mais variados setores da economia cearense, como: indústria, agricultura, setor público, mercado financeiro, comércio e serviços. Economistas, empresários, consultores, executivos de finanças, professores universitários, pesquisadores, analistas e dirigentes de entidades diversas contribuíram com suas percepções.
Realizada bimestralmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio-CE) e pelo Conselho Regional de Economia (Corecon-CE), a pesquisa pontua de zero a 200 pontos as variáveis analisadas. Abaixo de 100 pontos, configura-se uma situação de pessimismo e acima desse valor, otimismo. Diferentemente da pesquisa anterior, quando os pesquisados mostraram pessimismo em todas as nove variáveis investigadas, nesta edição os analistas revelaram otimismo em cinco: taxa de inflação (135,3 pontos), gastos públicos (128,9), cenário internacional (123,7), taxa de câmbio (119,4) e taxa de juros (115,1).
Alinhado com outras pesquisas de expectativas, como a do boletim Focus – realizado semanalmente pelo Banco Central, por exemplo –, o IEE mostra pessimismo no que diz respeito à evolução da atividade econômica interna que alcançou 84,9 pontos. Além da evolução do nosso Produto Interno Bruto (PIB), os analistas revelaram pessimismo com três variáveis: nível de emprego (80,2 pontos), oferta de crédito (72,4) e salários reais (48,3), que atingiu a menor pontuação da série.
Metodologia
Conforme a metodologia, cada uma das variáveis analisadas gera três índices: de percepção presente, futura e de expectativa geral. Considerando a soma das variáveis, o índice geral registrou 100,9 pontos, um recuo de 40,9% no pessimismo, em relação à pesquisa anterior. Houve um recuo de 49,6% no ceticismo dos analistas sobre o comportamento futuro das variáveis. É importante destacar que a percepção pessimista sobre o desempenho presente das variáveis registrou redução de 28,5%. A pesquisa revela que o ceticismo dos analistas cearenses consultados recuou consideravelmente. O otimismo, capturado pelos índices de percepção geral (100,9 pontos) e futura (126,1 pontos), todavia, ainda é pequeno.
Conselheiro do Corecon-CE crê em melhorias
De acordo com o conselheiro do Corecon-CE, Ricardo Eleutério, essa é a 13ª edição da pesquisa e, no último ano vinha com seguidos resultados negativos, sendo que na última, todas as nove variáveis mostraram pessimismo. “Esta veio com alguns resultados positivos, principalmente, na percepção futura, onde houve uma melhora bastante significativa. Já para o presente, o índice ainda revela um certo pessimismo. Parece ser um ponto de inflexão, porque chegamos muito perto do fundo do poço, não teríamos mais para onde cair”, disse.
Ele destacou, ainda, que embora tenhamos recessão este ano, a inflação deve ter um redução, assim como a queda do PIB. “Além disso, a taxa de juros também está muito alta (14,25% ao ano) e, possivelmente, nas próximas reuniões do Conselho de Política Monetária do Banco Central (Copom), a tendência é de corte, porque a expectativa do mercado financeiro é que a Selic feche 2016 em 13% e, no ano que vem, em 11,25%.
O PIB deve cair este ano, mas espera-se um crescimento da nossa atividade econômica no ano que vem, na casa de 1%, o que já pode dar um alívio no cenário”, previu.
E salientou que o maior problema da economia brasileira ainda é a política, que afeta a credibilidade das instituições. “Esta melhora nas expectativas deve dar um horizonte positivo nos próximos anos, mas tudo vai depender das ações e medidas que o governo do presidente interino, Michel Temer, que pode vir a ter continuidade, conseguirá implementar na economia brasileira nos próximos meses”, concluiu Ricardo Eleutério.
Fonte: O Estado do Ceará