Empresas devem se ajustar ao e Social até 2015
13/03/2014.
Nova ferramenta será implantada por fases, e deverá ser disponibilizada ainda este mês. Segundo a Receita, o sistema unifica o recolhimento de obrigações, como DIRF e RAIS.
O governo vai exigir, gradativamente, neste ano de 2014, que as empresas implantem o eSocial - Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas -, plataforma de informática na web que vai unificar as informações que são enviadas para a Caixa Econômica (sobre o FGTS), para o INSS, para a Receita Federal e para o Ministério do Trabalho. A nova ferramenta de informática, além de provocar mudanças na postura das empresas - sobretudo a respeito da escrituração das obrigações trabalhistas – vai possibilitar o cruzamento de informações, antes descentralizadas, e colaborar para uma fiscalização mais assertiva e eficiente.
Para tratar do assunto, a Receita Federal realizou, ontem, em Fortaleza, o primeiro encontro, no Ceará, com profissionais de Contabilidade, Direito e público em geral. A palestra foi ministrada pelo coordenador de Sistemas de Ação Fiscal, Daniel Belmiro Fontes, da COFIS (Coordenação Geral de Fiscalização da Receita Federal do Brasil).“Temos, no Ceará, um trabalho conjunto com a Caixa, Ministério do Trabalho e Conselho Regional de Contabilidade, com relação à difusão no Estado como um todo, e teremos, no ano todo, atividades voltadas à questão”, destacou o superintendente Regional da Receita no Ceará, Moacyr Mondardo Júnior. Ele acrescentou que a importância das empresas em prepararem seus sistemas para essa nova realidade, “que será melhor, mas vai exigir uma mudança de procedimentos e cultura, já que serão eliminadas cerca de nove obrigações acessórias, como GFIP, DIRF, Caged, Rais, e uma série de obrigações”, ponderou.
PRINCIPAIS MUDANÇAS
Na prática, segundo explicou Daniel Belmiro, a plataforma deve substituir, em seu último nível de implantação, vários documentos exigidos às empresas por órgãos públicos, otimizando as fiscalizações e gerando mais transparência na relação entre patrões e empregados. A ideia é que a carteira de trabalho e a folha de pagamento dos funcionários sejam substituídas por informações online, assim como todos os dados que hoje estão difusos em vários documentos. Para o empregador, muita papelada será desnecessária no futuro. Com a unificação proporcionada pela plataforma, os órgãos federais passarão a ter informações mais completas, precisas e em tempo real.
A medida surge como forma de coibir abusos e irregularidades, já que todas as informações, desde a contratação até a demissão dos funcionários, passando por promoções, férias, transferências, licenças médicas, acidentes de trabalho, contribuição ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e as comprovações de recolhimentos à Previdência Social, indispensáveis para a aposentadoria, deverão ser inseridas como “eventos” pelas empresas na plataforma.
“O eSocial não muda as obrigações vigentes hoje em dia”, pontuou Belmiro. Mas, acrescenta ele, a empresa passará a ter a necessidade de se adaptar àquilo que vai transmitir porque o sistema dará mais visibilidade. Então, “essa visibilidade está fazendo com que as empresas olhem a legislação, que, está há muito tempo, em vigor, e corrijam situações que há muito tempo não fazem”, enfatizou. “As empresas que possuem um nível de desorganização grande, ela vai precisar se organizar. Talvez essa seja a principal dificuldade delas”, observou o coordenador.
CRONOGRAMA
A implantação do eSocial se dará por fases para o primeiro grupo de empresas (Empresas do Lucro Real) até 30 de junho 2014. O cadastramento inicial para elas inicia a partir da competência 07/2014, com o envio dos eventos de mensais de folha e apuração dos tributos. A partir da competência 11/2014, o sistema substituirá a GFIP.
Para o segundo grupo de empregadores (Empresas do Lucro Presumido, Simples Nacional, Entidades Imunes ou Isentas, MEI, produtores rurais e demais equiparados à empresa) a implantação ocorre até 30 de outubro. O cadastramento inicial, nesse caso, será a partir da competência 11/2014, com o envio dos eventos de mensais de folha e apuração dos tributos, a partir da competência - 12/2014, em substituição à GFIP.
Para o segurado especial e pequeno produtor rural, a implantação do recolhimento unificado acontece a partir de 1º de maio de 2014. Já a obrigatoriedade de prestar a informação via módulo empregador doméstico, acontecerá em 120 dias após a publicação da regulamentação da Emenda Constitucional 72/2013.
Já os entes públicos – Administração Direta, Autárquica e Fundacional da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, o cadastramento inicial se dará a partir de 01 de dezembro 2014 até 31 de janeiro 2015. A entrega da primeira competência do eSocial (01/2015) deverá ocorrer até 07/02/2015.
NOVO SISTEMA TRARÁ MAIOR AGILIDADE
Com o eSocial em funcionamento, para o empregador, haverá um processamento muito mais fácil e mais barato, além do cumprimento das obrigações “sem a necessidade de gastar a quantidade de horas que são necessárias hoje para o cumprimento de suas obrigações”, pontua o coordenador Daniel Belmiro. Para o empregado, “vamos ter uma informação muito mais segura e qualificada, para ter um mapeamento e a concessão dos direitos previdenciários e trabalhistas desse trabalhador, inclusive com novas informações, melhorias nos extratos de informação para ele, ou seja, ele vai passar a ter muito mais ciência dos valores desses direitos”, ressaltou.
Já para os microempreendedores individuais (MEI), um portal do eSocial será disponibilizado, com um módulo simplificado, assim como para o produtor rural e até pequena empresa “que não tenham ferramenta tecnológica ou não tenham contratado serviço de contabilidade para isso”, acrescentou Daniel. O próprio portal vai funcionar como um sistema de gestão do eSocial de pessoas e, de forma intuitiva, “eles vão entrar, formar um empregado , consultar a base de CPF, preencher as informações do campo e cumprir as obrigações diretamente na internet”, completou o coordenador.
Fonte: O Estado Online (Jornal O Estado do Ceará)