EM 2015 - Entrada de dólares supera saída em US$ 9,4 bilhões
É o melhor resultado desde 2012. Operações de comércio exterior, incluindo importações e financiamentos, compensou saídas na área financeira
A entrada de dólares no Brasil superou a saída em US$ 9,4 bilhões em 2015, ano em que a moeda norte-americana acumulou alta próxima a 50%. O resultado positivo se deu após dois anos seguidos de saídas líquidas.
A fuga de recursos no ano passado foi evitada, principalmente, por dois fatores. O primeiro foi um saldo positivo de US$ 25,5 bilhões nas operações de comércio exterior, incluindo exportações, importações e financiamentos para esses negócios.
Essa entrada mais que compensou o saldo negativo de US$ 16,1 bilhões em operações financeiras, como investimentos estrangeiros, remessas de lucro e gastos com viagens ao exterior.
Também teve efeito sobre o câmbio a forte atuação do Banco Central, por meio da negociação de contratos de swap cambial. As intervenções, no entanto, geraram uma perda de R$ 89,7 bilhões para a instituição, valor que é apurado em moeda nacional e que acabou contribuindo para aumentar a dívida pública.
Segundo a instituição, ao oferecer proteção contra a alta do dólar, o swap reduz a demanda pela moeda estrangeira.
Dados já apresentados pelo BC mostram que 80% dos mais de US$ 100 bilhões em contratos de câmbio estão nas mãos de empresas que têm dívidas ou custos atrelados à moeda estrangeira e de investidores estrangeiros que buscam proteção para não ter de deixar o País. Os outros 20% estão com fundos de investimento no Brasil.
O custo com swap em 2015 foi recorde. Em 2014, por exemplo, o gasto foi de US$ 17,3 bilhões. Em anos anteriores, houve até lucro.
Bolsa
Apesar da queda de 13,3% em 2015, a Bolsa brasileira encerrou o ano passado com fluxo de capital externo positivo de R$ 16,387 bilhões, o terceiro maior desde 1994, de acordo com dados da BM&FBovespa. Os investidores estrangeiros compraram R$ 884,191 bilhões em ativos e venderam R$ 867,804 bilhões.
O saldo só não foi maior que o de 2009, quando totalizou R$ 20,596 bilhões, e o de 2014 (R$ 20,342 bilhões). E o resultado poderia ser melhor se não fossem saídas de estrangeiros registradas no segundo semestre do ano, com o agravamento das crises política e econômica. O fluxo de capital estrangeiro nos últimos seis meses de 2015 ficou negativo em R$ 5,153 bilhões.
Os investidores estrangeiros encerraram 2015 com 52,8% de participação na Bolsa, o maior patamar desde 1994. Por outro lado, as pessoas físicas mantiveram fatia de 13,7% no mercado acionário brasileiro – a mesma de 2014.
O número de negócios cresceu 9,8%, para 1 bilhão em 2015, ante 919,76 milhões no ano anterior. Já o volume médio diário cresceu 0,5% em relação a 2014, para R$ 7,33 bilhões.
NÚMEROS
25,5 bi de dólares foi o saldo positivo nas operações de comércio exterior
Fonte: Jornal O Povo