Economia terá 'resultado negativo no curto prazo', diz Levy em Davos
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse a investidores no Fórum Econômico de Davos, na Suíça, que a economia brasileira deve ter um desempenho negativo no curto prazo, mas que sua equipe trabalha para recuperar a credibilidade e retomar o crescimento com velocidade.
"A economia brasileira poderá ter algum resultado negativo no curto prazo, mas é preciso lembrar que o trabalho feito é para restaurar a confiança e o país voltar a crescer", disse Levy nesta quarta (21), referindo-se a taxas do PIB e de desemprego.
"Já tentamos acelerar na quarta marcha, com incentivos e tudo isso, e vimos que não estava mais tendo tração. Quando a gente acerta as coisas em seus lugares, a retomada vem com velocidade", disse a jornalistas durante balanço de seu primeiro dia no Fórum, que reúne empresários, chefes de Estado e líderes de diversas áreas nos alpes.
"Temos de construir passo a passo. Não adianta fazer previsões ultraotimistas. Adquirindo confiança, o pessoal entra em campo."
Para Levy, investidores continuam a demonstrar interesse no Brasil.
O ministro participou de um almoço oferecido pelo Itaú Unibanco a ele e ministros de outros países, com a presença também de empresários, grande parte de companhias estrangeiras.
Para pessoas que estiveram no almoço, o ministro passou confiança.
Alguns dos presentes interpretaram a ausência de Dilma Rousseff em Davos e o envio de Levy como sinalização de que a economia foi delegada, de fato, ao novo ministro.
O ministro da Fazenda da Colômbia, Mauricio Cárdenas, disse à Folha que enfatizou durante o almoço a importância da escolha e da liderança de Levy no Brasil.
"Comentaram a falta de liderança na América Latina e eu destaquei a de Levy."
O comentário "sensibilizou" o ministro, segundo duas pessoas que participaram do evento do banco.
As declarações de Levy foram bem recebidas no Brasil também. Após sua fala, os juros futuros acentuaram a trajetória de queda e o dólar recuou (leia na pág. B4).
O ministro afirmou ainda que a queda do preço do petróleo não prejudica o país.
Apesar da Petrobras, "o petróleo mais barato, na média, é favorável ao Brasil", disse.
"O pré-sal já é uma realidade, e a Petrobras já produz e vai aumentar esse volume daqui a pouco para 1 milhão de barris por dia."
Levy afirmou ainda que o ministério vai tomar nos próximos meses medidas para "facilitar impostos".
"Vamos trabalhar ao máximo para antecipar essas medidas. Por enquanto, estamos arrumando o convés, arrumando a casa."
Fonte: Folha de S. Paulo