Pular para o conteúdo principal

Publicado em: 28/07/2015

Categoria

COMPANHIAS AÉREAS - Passagem mais cara e frequência reduzida

 

Devido à queda no ritmo de evolução da atividade de transporte aéreo no País, empresas de aviação partem para diminuição da frequência de voos e aumento no preço das passagens para crescer margem de lucro

Sem conseguir margem de lucro, companhias aéreas partem para aumento de passagens e redução de frequência de voos. Assim, após a Latam (TAM e Lan) anunciar redução de 8% a 10% das operações domésticas e prejuízo líquido de US$ 40 milhões, o vice-presidente financeiro de relações com investidores da Gol, Edmar lopes, afirmou, ontem, que a empresa chegou ao “fundo do poço” em termos de tarifas baratas.

Para recuperar os preços das passagens, a estratégia será a mesmada concorrente: reduzir capacidade. A recuperação de tarifas mais baixas deve começar “um pouco” no terceiro trimestre deste ano, segundo Lopes.

Os fatores que influenciam redução da margem de lucro das empresas são: alto preço do querosene de aviação (QAV), devido ao aumento do dólar; queda na demanda de viagens executivas; e consequente diminuição da margem de lucro.

Apenas o querosene responde por até 43% dos custos de uma companhia e, mesmo tendo aproximadamente 75% do volume produzido no Brasil, o QAV é precificado pela paridade de importação. Ou seja, acompanha aumento do dólar, enquanto as passagens são vendidas em reais.

Além disso, ainda há cobrança de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que varia de 4% a 25% nos aeroportos. “Como resultado das diferentes alíquotas, é prática comum nas empresas planejar a malha para no ponto de menor ICMS”, explica, em nota, a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear).

“O segmento corporativo, em especial, começou a dar sinais de uma menor disposição de consumo (-20 pontos percentuais). As companhias aéreas reagiram oferecendo produtos mais atrativos, destinos, tarifas, aumentando os esforços de vendas, o que garantiu ainda o desempenho bom de dezembro e janeiro. Mas, desde então, nossas taxas mensais de demanda têm mostrado tendência de redução”, avalia o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz.

Em relação à demanda doméstica, depois de crescer 7,7% em dezembro e 9,1% em janeiro, o ritmo reduziu, com altas de 4,1% em fevereiro, 2,8% em março e abril, e 1% em maio. “A dificuldade em manter a estabilidade mensal em relação ao ano anterior mostra que essa é uma temporada que tem exigido atenção redobrada das companhias na condução dos negócios”, diz o consultor técnico da Abear, Maurício Emboaba.

Na avaliação de Carlos Grotta, especialista em transporte aéreo e infraestrutura aeroportuária do Centro Paula Souza, em Garulhos (SP), tudo indica que os preços das passagens devem aumentar. “O lucro das aéreas, hoje, chega a praticamente zero. Para não correr o risco de fechar no vermelho, as empresas fecham linhas deficitárias ou aumentam o preço das passagens”, diz.

Companhias

Em resposta sobre aumento de passagens, a TAM afirma, em nota, que está dando continuidade ao plano de segmentação da demanda, para oferecer o melhor preço, de acordo com o sistema de precificação dinâmica. “A companhia segue com a estratégia de longo prazo, que inclui a renovação da frota, o projeto de estudo de viabilidade do hub Nordeste”, informa.

A Azul afirma que fez ajustes na malha aérea, reduzindo frequências em algumas localidades e aumentando em outras. “No caso do Ceará, tivemos, inclusive, ampliação de voos entre Fortaleza e Teresina em maio”. Na contramão, a Avianca diz que não reduzirá frota, mas não se pronunciou sobre aumento de valores.

Números

70% era a demanda corporativa no mercado de aviação, mas caiu para

50% com a lenta atividade econômica do País

1% foi o aumento da demanda doméstica em maio. Houve redução, visto os outros meses: 2,8% março e abril, 4,1% fevereiro

4,2% foi a alta acumulada da demanda aérea até maio. Uma queda no ritmo de evolução da atividade

7,6 milhões de pessoas foram transportadas no País em junho, +6% ante 2014. As férias aumentam o fluxo.

 

Fonte: Jornal O Povo