Comércio prevê queda de 17% no faturamento
As estimativas de movimentação, em termos de faturamento do Comércio para o Dia dos Pais deste ano não estão animadoras. De acordo com a pesquisa sobre o Potencial de Consumo de Fortaleza Dia dos Pais, divulgada, ontem, pela Federação do Comércio do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), os consumidores da Capital irão movimentar R$ 118 milhões, no comércio local, com a compra de presentes. Esse resultado, no entanto, indica uma queda de 17% sobre o valor faturado em igual período do ano passado (R$ 143 milhões) e coloca a data comemorativa como a quinta melhor em vendas, no ano, para o varejo de Fortaleza - atrás de Natal, Dia das Mães, Dia dos Namorados e Dia das Crianças. A pesquisa ouviu 900 consumidores da Capital.
O perfil de consumo para o Dia dos Pais mostra grande homogeneidade nos produtos que se deseja adquirir, com 91% das indicações de consumo em apenas cinco produtos. Dando preferência por vestuário, itens de perfumaria, sapatos/carteiras e aparelhos de telefonia celular, 42,1% dos entrevistados afirmaram intenção de ir às compras nesse período, percentual inferior ao de igual pesquisa no ano passado, de 56,9%.
Para o diretor técnico do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Comércio (IPDC), economista Alex Araújo, essa predisposição menor às compras deste ano é reflexo do cenário econômico atual, principalmente das reduções dos estímulos ao consumo, que estão em curso desde o início do ano passado, quando o governo vem retirando, principalmente, o IPI reduzido sobre alguns itens de consumo. “Isso afeta no comportamento do consumidor, ainda mais apoiado pelo peso da inflação, que vem corroendo o poder de compra e a manutenção, em níveis elevados, dos índices de endividamento”, destacou o economista. “Em julho, tivemos um nível de endividamento muito resistente, mesmo com a queda de consumo, e essa série de fatores colabora para que exista essa baixa demanda por parte do consumidor”, acrescentou.
DESTAQUES
A franca preferência é pelos artigos de vestuário (45,4% de intenção de compra), seguido por itens de perfumaria (17,4%), calçados e bolsas (12,7%), aparelhos de telefonia celular (8,2%) e relógios (7,3%). O perfil predominante do potencial comprador é do sexo feminino (46,2%), com idade até 20 anos (57,5%) e renda familiar superior a seis salários mínimos (50,4%). O valor médio da compra é estimado em R$ 169,00, e a forma de pagamento mais utilizada será o pagamento à vista (62,3% das respostas), seguida do cartão de crédito (36,6%).
A pesquisa também revela que 55,5% dos entrevistados pretendem comemorar a data, principalmente em suas próprias residências (81,4% das respostas) ou em restaurantes (26,7%). A procura por restaurantes varia com a renda, sendo mais intensa no grupo com renda superior a seis salários mínimos (28,4%).
LOCAIS DE COMPRA
Os shopping centers e os centros comerciais são os locais preferidos para a procura do presente, sendo citados por 53,7% dos entrevistados, segundo a pesquisa e de acordo com a matéria publicada no jornal O Estado, na segunda-feira da semana passada (21). Na sequência, as lojas de rua apareceram em 30,7% das respostas e os supermercados e hipermercados com 23,8%. O dia de maior procura por presentes é o sábado, tendo sido citado por 41,9% dos consumidores, mas um terço deles revelou que não tem dia específico para a compra, de modo que se espera grande movimentação nas lojas na semana anterior ao Dia dos Pais.
O consumidor se mostra sensível às promoções (52,5%) e muito atento aos preços (42,6%) e à qualidade dos produtos (27,5%), mas a beleza das vitrines pode ser um fator decisivo para atrair a sua atenção (23,0%) e a opção pelos supermercados e hipermercados sugere que a variedade também é um diferencial competitivo (13,1%).
Preços menores devem escoar estoques
Muitos lojistas, em especial os de shopping centers, estão otimistas pelo fato de os estoques estarem maior, devido à queda nas vendas durante a Copa do Mundo - o que poderá refletir em preços menores por conta da necessidade de se escoar esse estoque. Diante disso, o diretor técnico do IPDC evidencia que os preços menores já são uma resposta do comércio para esse cenário mais adverso da economia atual. “O principal investimento do estabelecimento comercial é no capital de giro, que está na loja, na maioria das vezes, em forma de estoque e, então, é muito importante que haja esse giro”, ponderou Araújo.
“O grande cliente desse tipo de pesquisa é a empresa, e o que a gente espera é ajudá-lo a fazer essas estratégias de compensação de baixo movimento, de modo que a economia não seja prejudicada com essa (baixa) intenção de compra, e concordo que esse tipo de iniciativa pode fazer o consumidor retornar”, ressaltou o economista. Ele acredita que, com isso, a previsão de queda nas vendas, apontada pela pesquisa, poderá ser aliviada. “A gente tem cerca de duas semanas, e temos mais um tempo de resposta. Como nosso consumidor deixa a decisão de compra muito para a última hora, pode ser que isso traga um reflexo positivo”, acredita Alex.
O fato dos shoppings estarem realizando promoções tem deslocado os consumidores das lojas de rua, na visão do economista, que acredita em estratégias para conquistar o retorno dos clientes para as lojas. “(Nos shoppings), o fenômeno de promoções é o principal citado, mas existem outras coisas que as lojas (de rua) podem fazer, como a beleza da vitrine e tradição da marca, por exemplo. Isso faz com que o consumidor fidelize a marca, e é importante que o empresário lojista esteja atento a essas informações do consumidor. São coisas que podem parecer secundárias, mas que pesam na hora do consumidor tomar a decisão e entrar na loja, seja para fazer uma visita ou comparação de preços”, conclui o diretor técnico do IPDC.
Fonte: O Estado Online (Jornal O Estado do Ceará)