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Publicado em: 19/09/2014

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BRASIL - Renda cresce 5,7%, mas desigualdade tem leve piora

A renda média mensal do brasileiro teve alta expressiva em 2013. A renda dos mais ricos apresentou elevação mais forte, agravando a desigualdade

A renda do mensal média do brasileiro cresceu 5,7% em 2013, a nona alta consecutiva. Por outro lado, a desigualdade no País parou de cair, voltando ao mesmo nível de 2011. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada ontem pelo IBGE.

O índice de Gini, medida de desigualdade, mostrou uma discreta piora de 2012 para 2013, passando de 0,496 para 0,498 no indicador que mensura exclusivamente a distribuição dos rendimentos do trabalho. Quanto mais próximo de zero, melhor é a distribuição de renda do país.

“É um aumento robusto na renda média, sem dúvida, mas o problema é que os maiores rendimentos subiram mais”, diz Fernando Holanda, economista da FGV.

Desde 2002, quando estava em 0,561, o Índice de Gini vinha recuando, tanto pelo rendimento do trabalho quanto por todas as formas de renda, mas o processo parou a partir de 2012. Pelo rendimento de todas as fontes, o índice ficou em 0,505, ante 0,504 em 2012 e 0,505 em 2011.

“Não afirmaria que há uma melhora ou uma piora na concentração de renda. Diria que a gente está na mesma condição de 2011”, afirmou Maria Lucia Vieira, gerente da Pnad.

Segundo a economista Sônia Rocha, do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), a queda na desigualdade vem de antes, de 1996 e 1997, e ocorreu sob condições macroeconômicas “bem diversas”, alternando crises e baixo crescimento com períodos de mais dinamismo.

Agora, o esgotamento do crescimento econômico desde 2011 torna mais difícil seguir distribuindo renda. Para piorar, as razões desse esgotamento - questões estruturais, como baixa qualificação da mão-de-obra, infraestrutura deficiente, burocracia, má regulação, custo fiscal, coisas difíceis de resolver rapidamente - atingem em cheio a distribuição da renda.

“O baixo crescimento atual não deixa espaço para dinamismo no mercado de trabalho, que também parou. Fica mais difícil dar continuidade às melhorias distributivas sem crescimento e com o salário mínimo tendo atingido o nível atual, após uma forte valorização real nos últimos 15 anos”, afirmou Sônia.

A ministra Tereza Campello (Desenvolvimento Social) rebateu os dados da Pnad dizendo que “a questão da desigualdade não pode ser medida só pela renda”. “Se a gente olhar a desigualdade como acesso a um conjunto de bens e direitos, a desigualdade vem caindo”. Ela afirmou que é preciso levar em conta que programas do governo federal, como o Mais Médicos, diminuíram a desigualdade no acesso à saúde.

Ceará melhor que Brasil

A Região Nordeste apresentou o maior nível de desigualdade, com Índice de Gini de 0,523. O Piauí (0,566) foi o destaque negativo, com a maior taxa do País. O menor grau de concentração de renda foi encontrado na Região Sul (0,457), onde Santa Catarina registrou o menor índice do País (0,436). O índice no Ceará é de 0,480 - portanto melhor que o nacional. (com agências)

INDICADORES

Índice de Gini do rendimento de trabalho no Brasil

2011    0,499

2012    0,496

2013    0,498

Taxa de desemprego no Brasil, em %

2011    6,7

2012    6,1

2013    6,5

 

Fonte: Jornal O Povo