BALANÇA COMERCIAL - Importações do CE têm alta de 357% em janeiro
Já as exportações apresentaram queda de 21,76%, em relação a dezembro de 2014, com US$ 99,52 milhões
Mantendo o cenário de defasagem verificado no ano passado, quando o Estado ficou com saldo negativo de US$ 1,5 bilhão, a balança comercial cearense fechou o mês de janeiro com déficit de US$ 548 milhões, segundo os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). Esse resultado foi puxado, principalmente, pela alta de 357, 48% nas importações, em comparação com dezembro, fechando o saldo de janeiro com US$ 647, 52 milhões importados.
Do valor total das importações, 72% foram referentes a gás natural liquefeito (US$ 466, 65 milhões), material destinado, principalmente, à usina termelétrica no Pecém e às fábricas do distrito industrial de Maracanaú. Na lista dos produtos mais importados, segundo o Ministério, estão, ainda, a hulha betuminosa não aglomerada (US$ 13,93 milhões); outras construções e suas partes (US$ 10,86 milhões); outros trigos e misturas de trigo (US$ 9,32 milhões); e outros óleos de dendê (US$ 7,89 milhões).
Já as exportações cearenses caíram 21,76%, em relação a dezembro do ano passado, com US$ 99,52 milhões. O produto mais exportado, e também inédito, pelos menos nos últimos três meses na lista, foi o "fuel oil", responsável por US$ 16,29 milhões, seguido dos calçados de borracha/ plástico, que somaram US$ 12,09 milhões em exportação. Em seguida, aparecem os melões frescos (US$ 10,10 milhões); outros calçados (US$ 8,78 milhões); castanha de caju fresca ou seca (US$ 7,41 milhões); e ceras vegetais (US$ 6,38 milhões), já tradicionais entre os mais comercializados.
Melhora da balança
Apesar da retração, o cenário não é de todo negativo, segundo avalia o superintendente do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Eduardo Bezerra. "Se as exportações estão perto de US$ 100 milhões, significa que as empresas exportadoras estão trabalhando no ritmo normal, tanto em relação à capacidade instalada quanto ao emprego", explica.
O déficit da balança comercial cearense, acrescenta Bezerra, tende a diminuir gradativamente nos próximos meses. "Mais de 90% das importações, devido à instalação da CSP (Companhia Siderúrgica do Pecém) já foram realizadas, falta pouca coisa para vir", detalha o especialista.
Outro detalhe importante, acrescenta Bezerra, é a presença do "fuel oil" na lista de exportação cearense, utilizado para o abastecimento de navios, e que representa um mercado promissor para os próximos anos. "Com a expansão do canal do Panamá, que está sendo alargado e aprofundado, os navios que vem da Ásia serão obrigados, pela geografia do planeta, a vir abastecer no Pecém. Então, aquilo que é exportação de óleo vai crescer muito mais", projeta.
Entretanto, pondera o superintendente do CIN, com o cancelamento da refinaria Premium II, é provável que a Petrobras precise importar o combustível para a demanda da frota prevista para passar pelo Estado. "Se a refinaria estivesse já em construção, dentro do cronograma, teríamos mercado na beira de casa", argumenta.
Compra e venda
As Antilhas Holandesas foram as maiores compradoras dos produtos exportados pelo Ceará, com um total de US$ 16,36 milhões, seguida dos Estados Unidos, responsáveis por consumir US$ 15,76 milhões das exportações do Estado. Holanda (US$ 7,69 milhões), Alemanha (US$ 7,36 milhões) e Itália (US$ 6,56 milhões) complementam a lista.
O principal fornecedor para o Estado no mês de janeiro foi Trinidad e Tobago, de onde veio parte do gás natural liquefeito, concentrando US$ 134,22 milhões. Em seguida estão Noruega (US$ 103,91 milhões), Espanha (US$ 64 milhões), Catar (US$ 55,97 milhões) e Nigéria (U$$ 53,21 milhões), também fornecedores do gás.
Jéssica Colaço - Repórter
Fonte: Diário do Nordeste