ATUAÇÃO DA CGE - Nelson quer reforçar controle preventivo
O novo controlador geral do Estado admite avanços, mas quer intensificar ações para coibir desvios de verbas
O novo titular da Controladoria e Ouvidoria Geral do Estado (CGE), Nelson Martins, afirmou, em entrevista ao Diário do Nordeste, que o maior desafio da Pasta na nova gestão é buscar o fortalecimento do controle preventivo sem prejudicar as metas de ajuste fiscal estabelecidas pelo governador Camilo Santana. Na avaliação do ex-secretário do Desenvolvimento Agrário, apesar de avanços conquistados pela CGE nos últimos anos, é necessário ampliar esse trabalho.
"A Controladoria tem seu planejamento estratégico, que foi feito agora no final do ano passado, durante seis meses do segundo semestre. O maior desafio desse planejamento é fortalecer esse trabalho preventivo. Hoje controlamos os convênios e vamos ter que passar a controlar os contratos, que também são importantes", salienta.
Martins acrescenta ser necessário amadurecer as iniciativas que a própria CGE já vem executando nos últimos anos. "Temos hoje um grupo que chamamos de articuladores de controle interno e eles estão em cada secretaria acompanhando, mas nós vamos ter que ampliar a função dessas pessoas para outras áreas também. O primeiro desafio é ampliar esse controle interno preventivo", declarou.
Questionado se o corte de despesas estabelecido pelo governador Camilo Santana pode prejudicar as metas estabelecidas para a Controladoria, Nelson Martins alegou que este ajuste fiscal do Governo do Estado deve durar somente neste primeiro ano de gestão e justificou que também existem outras fontes de captação de recursos voltadas para o controle preventivo.
Projetos
"Esse controle inicial das despesas é uma preocupação do primeiro ano de governo. Nós também vamos procurar outras fontes. Existe um contrato hoje de financiamento externo com o Banco Mundial em que nós temos recursos dentro desse projeto para implantar alguns desses programas", responde. "Tem recurso que é para a gente fazer uma reformulação do nosso portal para melhorar o nosso serviço de Controladoria e disseminar essas ações para a sociedade", exemplificou o novo controlador geral do Estado.
Nelson Martins assegurou que não teme sofrer na CGE as dificuldades semelhantes ressaltadas por Jorge Hage ao pedir demissão da Controladoria-Geral da União (CGU). Na ocasião, o ex-ministro chegou a declarar que seu esforço de fazer mais com menos havia atingido o limite. O novo controlador do Estado do Ceará argumentou que os avanços do órgão nos últimos oito anos revelam que a falta de atenção da administração estadual não será um problema.
"Eu acompanho a CGE desde a época que eu era da oposição e, se a gente comparar o que era a CGE antigamente e o que ela é hoje, ela já melhorou bastante. Houve progressos importantíssimos nos últimos anos. Na CGE, nós temos um quadro de auditores concursados, chegando ao número de 50 auditores de controle interno. Nós estamos pedindo a nomeação de mais nove", frisou Nelson.
O controlador também aproveitou para rebater qualquer suspeita referente ao fato de um representante político ocupar um cargo de fiscalização interna. "Eu realmente sou político, mas sem nenhuma falsa modéstia, nos cargos públicos que eu exerci, eu exerci com a maior imparcialidade possível. É só ver como eu agi na SDA (Secretaria do Desenvolvimento Agrário). Eu poderia muito bem, pelas inúmeras ações que a SDA desenvolveu, eu poderia ter me candidatado novamente e nem candidato eu fui", acrescentou.
Financiamentos externos
Quanto às reuniões com o sucessor dele a frente da Secretaria do Desenvolvimento Agrário, Nelson Martins revelou ter orientado o correligionário Dedé Teixeira a buscar financiamentos externos para viabilizar as ações da Pasta sem descumprir as metas fiscais estabelecidas para esse primeiro momento da gestão do governador Camilo Santana.
"O que eu disse ao Dedé é que o Estado está fazendo um ajuste nas suas despesas, porque o governador Cid nesses oito anos praticamente fez milagres em termos de investimento e estrutura. Quando você aumenta essa estrutura, é evidente que você aumenta o custeio. Nós temos agora que reduzir os gastos do Tesouro do Estado e ir atrás de outras fontes, como convênios com o Governo Federal e os financiamentos internacionais", esclareceu.
Apesar de ter passado quatro anos como líder do ex-governador Cid Gomes na Assembleia Legislativa durante todo o primeiro mandato do novo ministro da Educação, Nelson Martins disse que ainda não conversou com Camilo Santana sobre qual o melhor perfil para assumir esta função. O agora titular da Controladoria e Ouvidoria do Estado revelou que, entre a diversidade de funções que ocupou em sua trajetória política, passando de oposição a gestor, o papel de liderança do Governo do Estado foi a tarefa que mais exigiu dele.
Intermediário
"Ser líder do Governo foi uma tarefa que me exigiu muito, porque líder tem que ter dedicação exclusiva. Primeiro porque o líder tem que ser uma espécie de intermediário entre governador e sociedade. Quando alguém tem uma demanda, procura primeiro a Assembleia. Para exercer bem a função de líder, você tem que estar muito bem informado. Tinha que ler todos e em todos os assuntos que tocassem tinha que saber para responder. Acho que a minha calvície adiantada foi nesse período de liderança do Governo", lembrou.
Na visão dele, diversos deputados estaduais têm a condição de assumir o papel de líder do governador do Estado na Assembleia Legislativa, mas analisou que o parlamentar a ser nomeado como responsável pela função precisa ter disposição para o diálogo e deverá ter mais dificuldades que ele e outros líderes do ex-governador Cid Gomes devido à força da nova oposição.
"Imagino que fazer a liderança do Governo na Assembleia tem que ser feita por uma equipe. Não pode se concentrar em uma pessoa só. Para o líder, o fundamental é que ele tenha essa mesma disposição para o diálogo que o governador está tendo", ressalta.
"Quando fiquei na liderança, o governador Cid Gomes não assinou veto a nenhum projeto que passou pela Assembleia, porque eu procurava negociar com todos os deputados, da situação ou oposição. Na Assembleia, têm vários deputados com condições de assumir a função. Agora, a liderança do Governo atual, pela composição que terá a oposição, vai ser mais difícil", avalia.
Fonte: Diário do Nordeste