Pular para o conteúdo principal

Publicado em: 31/03/2015

Categoria

ALÉM DE CUSTEIO - Levy quer cortar em 30% gastos de investimento

O governo prevê que estados e municípios voltem a apresentar resultado primário positivo neste ano

São Paulo. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse ontem (30) que o governo precisa mudar algumas políticas, já que o cenário internacional mudou, com os principais parceiros do País reduzindo suas políticas anticíclicas. "Não é culpa dos outros, é o cenário que mudou e, como a presidente Dilma Rousseff tem dito, se esgotou nossa capacidade de fazer anticíclico", afirmou o ministro.

Levy ressaltou em diversos momentos a necessidade de manter o grau de investimento, sendo que controlar a dívida pública é, segundo ele, essencial para isso. "A boa notícia é que o PIB é um pouco maior do que pensávamos, então a relação dívida/PIB é um pouco mais favorável", comentou, referindo-se à recente mudança da metodologia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que levou a uma revisão para cima no PIB de anos anteriores.

O ministro afirmou que o ajuste fiscal é necessário porque o Brasil precisa reverter a deterioração fiscal e das contas públicas. E que o ajuste exige um esforço de todos, incluindo a administração federal, legislativo, governos estaduais e municipais, empresários e sociedade civil.

"O objetivo é recuperar as metas de superávit fiscal", reforçou. Segundo ele, o governo faz um grande esforço para colocar os gastos obrigatórios em uma trajetória sustentável. Além disso, foi estabelecida a meta de reduzir os gastos discricionários para os níveis de 2013, o que significa uma redução de quase 30%. "É uma redução forte, mas o governo tem de mostrar liderança e a presidente bancou isso".

Retrocesso

Conforme o ministro, qualquer retrocesso no ajuste fiscal poderia a levar à perda do grau de investimento, o que seria desastroso. Para ele, a recente decisão da Standard & Poor's de manter o rating do Brasil não foi um voto de confiança só nele, mas em todas as instituições brasileiras. Levy comentou ainda que o governo prevê que estados e municípios voltem a apresentar resultado primário positivo este ano, com superávit equivalente a 0,2% do PIB. Ressaltou, contudo, que o espaço de manobra é pequeno. "A gente não pode errar. Não é um grande problema, a gente vai vencer, só não pode errar, fazer coisas como manter ou aumentar protecionismo".

Fala irrelevante

Levy ainda disse que "pegaram" o segundo período da fala dele na semana passada para se criar um "banzé". Ele se referiu a uma reportagem divulgada no sábado (28), segundo a qual ele teria falado, durante palestra para ex-alunos da Universidade de Chicago, em inglês, que a presidente Dilma Rousseff é bem intencionada, mas nem sempre age de forma efetiva. "As pessoas podem pegar trecho irrelevante da minha fala para criar um banzé", disse, reiterando que disse apenas que a presidente tem interesse genuíno de resolver as coisas.

Dilma diz que ministro foi mal interpretado

Capanema (PA). A presidente, Dilma Rousseff, defendeu o ministro Joaquim Levy (Fazenda) e disse ter "clareza de que ele foi mal interpretado", quando afirmou que, embora bem intencionada, ela nem sempre faz as coisas da maneira mais simples e eficaz. "Ele falou que nós, e agradeço o elogio dele, acha que fazemos imenso esforço para fazer o ajuste", disse Dilma, após entregar unidades do Minha Casa, Minha Vida nesta segunda-feira (30), em Capanema, a 152 km de Belém. "Em política, vocês sabem que, às vezes, não posso seguir o caminho curto, porque tenho que ter o apoio de todos aqueles que me cercam, só assim a gente consegue construir um consenso", afirmou. Ela disse ainda, que o ministro ficou "bastante triste" com a interpretação dada às declarações e explicou as falas pessoalmente.

As declarações de Levy foram feitas em clima informal a uma plateia de dezenas de ex-alunos da escola de negócios da Universidade de Chicago, instituição onde Levy se graduou Ph.D. Foi a primeira vez que ele direcionou uma crítica especificamente ao nome da presidente em público. "Acho que há um desejo genuíno da presidente de acertar as coisas, às vezes, não da maneira mais fácil... Não da maneira mais efetiva, mas há um desejo genuíno", disse o ministro. Neste sábado, o ministro afirmou que a frase foi tirada de contexto e reclamou da interpretação.

No discurso de entrega das casas, Dilma afirmou que, apesar dos ajustes na economia, "nada no mundo" fará com que ela interrompa programas sociais.

A presidente destacou ainda que o Brasil é hoje um País com segurança financeira para atravessar crises econômicas. "O Brasil é hoje um País que tem reservas em dólar suficientes para enfrentar qualquer crise internacional de volatilidade. Tem uma estrutura bancária que não está nem um pouco comprometida, como é o caso de países desenvolvidos", destacou Dilma.

Fonte: Diário do Nordeste