Acesso ao crédito favorece microempreendedores individuais no Nordeste

Em vigor desde 2009, a lei do Microempreendedor Individual (MEI) - Lei Complementar 129/2008 - criou um novo cenário econômico no País. Em cinco anos, o Brasil ganhou cerca de cinco milhões de novos empresários. Atualmente, o Ceará contabiliza 161.069 MEIs, conforme o Serviço de Apoio as Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Segundo a articuladora da Unidade de Atendimento Integrado do Sebrae/CE, Maria Alice, muitos desses empresários já tinham atividade, porém, sem registro do CNPJ, ou seja, informais.

A economia brasileira, no entanto, passa por um período de retração, afetando, principalmente, os pequenos negócios. Nesse contexto, aponta Stélio Gama Lyra Junior, superintendente de Microfinança e Agricultura Familiar do Banco do Nordeste (BNB), diversos segmentos e os pequenos empreendedores também são atingidos com a falta de vendas. Para contornar a situação e garantir a sobrevivência do negócio, são necessárias soluções financeiras como a contratação de créditos com taxas de juros e prazos diferenciados, além de algumas facilidades como máquinas de cartão de crédito, sem a cobrança de mensalidade ou custo com plano de dados.

“As pessoas estão mais contidas na hora de comprar. Lógico que isso afeta diversos segmentos e os pequenos empreendedores também são atingidos. O custo do crédito também está elevado e isso inviabiliza certos investimentos. O Crediamigo, apesar disso, mantém taxas de juros acessíveis aos pequenos, além de oferecer a alternativa do aval solidário e a orientação sobre quanto se deve investir e em que empregar o dinheiro, imprescindível em momentos como esse”, avalia Gama, acrescentando que a inclusão tecnológica também é um desafio para o MEI. “Nosso projeto das máquinas de cartão de crédito e débito, sem mensalidade e sem custo com plano de dados, favorece essa inclusão, além de garantir receita em data certa para os clientes”.

Crédito

De acordo com Stélio Gama, o BNB, por meio do programa de microcrédito produtivo e orientado, Crediamigo, oferece crédito de curto prazo para empreendedores formais e informais, com taxas a partir de 0,99% ao mês. “Além de linhas de crédito adequadas às necessidades dos clientes, o Crediamigo disponibiliza microsseguros e a recém-lançada máquina móvel de cartão, com a qual os empreendedores podem realizar vendas à vista ou parceladas”, explica.

Hoje, o Crediamigo possui uma carteira ativa de 1,9 milhão de clientes. O Ceará conta com 635 mil clientes, dos quais 420 mil são mulheres (Gráfico). O comércio é o setor que tem mais participação no programa, representando 90% das contratações, contra 9% do setor de Serviços e 1% da Indústria.

No ano passado, o programa de microcrédito realizou 3,9 milhões de operações, totalizando R$ 7,1 bilhões em toda área de atuação, que abrange região Nordeste e norte de Minas Gerais e Espírito Santo. “A meta para esse ano é superarmos R$ 8,5 bilhões em empréstimos. Até junho, já havíamos contratado mais de dois milhões de operações, que perfazem R$ 3,9 bilhões. Acreditamos que a meta, que representa incremento em torno de 20% em relação ao ano passado, será superada, uma vez que historicamente o pico de contratações se dá nos quatro últimos meses do ano”, afirma Gama.

A participação do Estado nas contratações do Crediamigo é significativa. Do total contratado nesse semestre, o Ceará participou com R$ 1,1 bilhão, resultado, segundo Gama, de 690 mil empréstimos realizados.

Para Gama, o programa de microcrédito orientado é uma solução diferenciada para o MEI, com destaque para sua característica principal que é o aval solidário e a orientação para contratar o crédito. “Por meio do assessor de crédito, clientes que não possuem garantias reais ou mesmo um avalista individual, podem obter empréstimo. Nessa modalidade, empreendedores de um mesmo bairro, com atividades distintas, formam grupos solidários com os quais recebem créditos individuais, sendo que todos são responsáveis pelo pagamento da dívida. Já a orientação é prestada por assessor de crédito, profissional treinado para orientar os clientes sobre suas necessidades financeiras e aplicação devida de recursos. A combinação aval solidário e orientação asseguram bons resultados para o programa, cujo índice de inadimplência é inferior a 1%”, esclarece o superintendente.

Para ampliar o debate sobre empreendedorismo e o impacto das micro e pequenas empresas, o jornal O Estado lançou, em junho, uma série de reportagens na Editoria de economia sobre inovação, financiamento verde e soluções financeiras para MPEs. Hoje, o jornal encerra a série com o microempreendedor individual, que deu outro desenho ao contexto econômico do País.

Aplicativo gratuito de gestão financeira auxilia o MEI

Resultado da parceria entre o Sebrae e da Buscapé Company, o Qipu, um aplicativo gratuito de gestão financeira e fiscal, lançado esse ano, é mais uma ferramenta para auxiliar os cinco milhões de empreendedores individuais (MEI) do País. Ele  permite controlar as contas e manter o empresário em dia com as suas obrigações legais. O app está disponível para as plataformas Android, iOS e Windows Phone. A versão web pode ser acessada pelo site app.qipu.com.br. O armazenamento dos dados é feito na nuvem, o que oferece ao usuário a possibilidade de acessá-los no computador, smartphone ou tablet.

Em linhas gerais, a ferramenta permite que o empreendedor receba lembretes das datas de pagamento do carnê do MEI, como o Documento de Arrecadação Simplificada (DAS), e seja avisado sempre que conquistar novos benefícios, como auxílio-doença, aposentadoria etc.

Também é possível, usando o Qipu, registrar as vendas, inserir os dados dos clientes (como CPF e contatos), e emitir os recibos por e-mail. O aplicativo exibe, ainda, notificações para avisar quando o empreendedor está próximo de atingir o limite de faturamento, lança gastos e as vendas mensais e exibe dados sobre benefícios previdenciários.

Em um dos tópicos, o app gera um relatório mensal com todas as despesas e receitas. Essas informações podem, por exemplo, ser utilizadas para a declaração anual à Receita Federal, para que não haja erros no seu preenchimento.

Segundo o Sebrae, o Qipu ajuda também no processo de inclusão digital dos empresários. A organização das contas e o controle sobre os deveres que cercam a gestão de um negócio representam as maiores dúvidas dos microempreendedores e acabam estimulando o aumento da inadimplência do segmento. As funcionalidades do aplicativo facilitam, inclusive, o acesso do empreendedor a dicas para melhorar a sua gestão.

O funcionamento é simples. No primeiro acesso, o empreendedor se cadastra, inserindo alguns dados pessoais e outros da empresa (como CNPJ, setor, se possui funcionário e em qual mês e ano passou a pagar o DAS com regularidade).

Fonte: Jornal O Estado