FINANCIAMENTOS - Governo libera mais crédito e anuncia pacote
Governo anuncia novas medidas para tentar estimular a economia, incluindo a liberação de R$ 25 bilhões em crédito. Expectativa é que a ampliação da oferta de recursos chegue a R$ 225 bilhões
O Banco Central (BC) e o Ministério da Fazenda anunciaram ontem novas medidas para tentar estimular o mercado de crédito no Brasil e a fraca atividade econômica. Elas envolvem a simplificação de operações, principalmente no financiamento imobiliário, além da injeção de R$ 25 bilhões em recursos no mercado. Desse montante, R$ 10 bilhões são da liberação do compulsório, dinheiro dos bancos que fica retido pelo Banco Central. Os outros R$ 15 bilhões são da liberação de recursos guardados para o crédito de risco.
O Banco Central explica que o dinheiro é proveniente de ajustes das medidas macroprudenciais, que aumentaram recolhimentos compulsórios e exigência de capital dos bancos a partir de 2010, para conter a então acelerada expansão do crédito. Agora é o contrário. O BC editou dois normativos com potencial para injetar 25 bilhões na economia. Somados aos R$ 45 bilhões anunciados em julho, o impacto potencial de ampliação de oferta de crédito pode chegar aos R$ 225 bilhões.
Esse valor decorre da diminuição de requerimento mínimo de capital. Em outras palavras, o governo está flexibilizando para que os bancos emprestem mais sem precisar utilizar capital próprio adicional. Mas para o diretor Executivo da Federação do comércio do Ceará (Fecomércio-CE), Alex Araújo, diz que é mais provável que as medidas elevem o lucro dos bancos que utilizariam a oferta maior de dinheiro para comprar títulos do Tesouro Nacional. “Acho difícil os bancos assumirem risco de crédito com uma economia em baixa velocidade”.
O presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), Henrique Marinho, avalia que esta é mais uma tentativa de destravar o crédito, mesmo sendo de uma liberação insignificante para a retomada da economia, mas importante pela sinalização. “No ano em que a economia brasileira deverá apresentar um crescimento negativo no primeiro semestre do ano, a medida é ineficaz para trazer resultados ainda em 2014”. Ele diz que o mercado já considera irreversível o cenário econômico deste ano.
“Caráter eleitoral”
O diretor de Estudos Econômicos do Instituto de Pesquisa e Estratégia do Ceará (Ipece), Adriano Sarquis, diz que a princípio essas medidas monetárias são de natureza expansionista e, certamente, vão ter impactos positivos sobre o crescimento econômico. “É uma medida de caráter eleitoral, visando atenuar o pessimismo que domina as expectativas de mercado quanto ao crescimento da economia neste ano, e que deve durar até as eleições”.
Para ele, as medidas terão repercussão sobre a inflação, puxando para cima os preços. “Mas é possível que esses efeitos só se reflitam no mercado após as eleições”, pondera.
Repórter: Artumira Dutra
Fonte: Jornal O Povo