DEBATE PARA O SENADO - Quem tem razão na polêmica sobre crescimento e exportações no debate
Adversários na disputa pelo Senado apresentaram versões diferentes sobre o desenvolvimento do Brasil e do Ceará. Confira o tira-teima
Os dois candidatos mais bem posicionados na corrida pelo Senado, Tasso Jereissati (PSDB) e Mauro Filho (Pros), protagonizaram a parte mais acalorada do debate promovido pela TV O POVO no último domingo. Ex-aliados, eles divergiram sobre a situação econômica do País e a balança comercial do Ceará, com dados conflitantes sobre esses temas. O POVO foi atrás dos números oficiais para esclarecer a polêmica.
No bloco em que o ex-secretário estadual da Fazenda Mauro Filho foi para o centro da “roda”, o adversário tucano o confrontou com a afirmação de que “as exportações cearenses estão estagnadas nos últimos anos, completamente paradas, não cresceram”. Além disso, Tasso criticou o fato de os tratados comerciais do Brasil privilegiarem parceiros da América Latina, em prejuízo ao Porto do Pecém, cuja posição geográfica favorece o comércio com países do outro lado do Atlântico e Estados Unidos.
Mauro disse discordar, citando a criação da primeira Zona de Processamento de Exportações (ZPE) do País, no Pecém. “Devo lembrar que o Ceará tem a primeira ZPE do Brasil, e através dela vamos criar oportunidades para que o Estado possa sair desse patamar de R$ 1,4 bilhão, R$ 1,3 bilhão de exportações que temos hoje”, defendeu Mauro.
Três blocos depois, foi a vez de o candidato do Pros questionar Tasso – desta vez sobre os motivos que o fazem ser contra a presidente Dilma Rousseff (PT). Era a oportunidade que o tucano esperava para reforçar o que ele mais tem feito nos últimos anos: criticar o governo petista.
Tasso apontou que “o Brasil foi o país que menos cresceu no mundo, só perdendo para a Ucrânia, que está em guerra. Por outro lado, estamos entre as inflações mais altas da América Latina”, afirmou. Na contramão, Mauro sustentou que, em meio à crise financeira internacional, “o Brasil diminuiu o desemprego, permitiu o trabalhador ter acesso ao crédito, expandiu as universidades, e preservou os salários”. O POVO consultou relatórios feitos com base em dados do Banco Central, da Organização das Nações Unidas e do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) para averiguar quem teve razão no debate. Confira no quadro acima.
Tira-teima
Exportações
A crítica de Tasso sobre suposta estagnação das exportações cearenses não é completamente verdadeira, embora os números também não sejam tão positivos quanto Mauro Filho quis fazer crer.
De acordo com o Ipece, em 2013, as exportações registraram aumento de 12,1% em relação a 2012, chegando a US$ 1,4 bilhão. O problema é a comparação com o restante do País. Apesar do aumento, o Ceará fechou 2013 na 15ª posição no ranking dos estados mais exportadores. Além disso, o déficit da balança comercial do Estado em 2013 foi de US$ 1,8 bilhão, o maior dos últimos 10 anos.
O Ipece também mostrou que, de 2003 a 2012, as exportações cearenses registraram média anual de crescimento de 5,2%. O desempenho fica abaixo do observado para o Brasil, que no mesmo período teve média anual de crescimento de 12,7%.
Ainda segundo o Instituto, os principais destinos dos produtos cearenses em 2013 foram: Estados Unidos, Países Baixos, Antilhas Holandesas, Argentina, Cingapura, China e Alemanha. (Fontes: relatórios Ipece Informe números 58 e 73, disponíveis em www.ipece.ce.gov.br).
Crescimento e inflação
De acordo com relatório da Coordenação-geral de Integração Comercial do Ministério da Fazenda, referente ao período de 14 de agosto de 2014 à mesma data do ano anterior, o Brasil teve a terceira maior inflação (5,9%) entre as sete maiores economias da América Latina. A Venezuela apresentou o maior índice inflacionário (56,2%), seguida da Argentina (10,9%).
Em relação ao crescimento econômico, Tasso se referiu a resultados publicados no último dia 29 de agosto pela consultoria Austin Rating, com base em dados dos bancos centrais de 37 países, da Eurosat e do Banco Mundial.
O levantamento mostrou que a queda de 0,9% do PIB brasileiro no segundo semestre de 2014, em relação ao mesmo período de 2013, coloca o Brasil na frente apenas da Ucrânia no quesito crescimento econômico.
De acordo com dados do IBGE, o Brasil fechou 2013 com crescimento econômico de 2,3%. De acordo com o Governo Federal, o índice superou os resultados dos Estados Unidos, Reino Unido, e África do Sul, que cresceram 1,9%, além de Japão (1,6%), México (1,1%), Alemanha (0,4%), França (0,3%) e Bélgica (0,2%).
Serviço
Ipece - Acesse: www.ipece.ce.gov.br
Secretaria de Assuntos Internacionais (Sain) - Acesse: www.sain.fazenda.gov.br
Repórter: Hébely Rebouças
Fonte: Jornal O Povo