CENÁRIO INDEFINIDO - Momento é de proteger o capital
Economistas e analistas do mercado financeiro confessam não ter visto, em época mais recente, um cenário econômico carregado de tanta indefinição e incertezas como agora. A insegurança que marca qualquer transição política é reforçada, desta vez, pela total ausência de previsibilidade, por absoluta falta de condições e elementos sequer para fazer projeções, desabafa um deles. "O próximo ano será mais difícil que este, em previsões, expectativas, inflação, juros, dólar, enfim, em tudo", comenta Eduardo Santalucia, consultor de investimentos.
Ele afirma que, dada a coleção de incertezas e dos ajustes que a economia desalinhada exigirá futuramente, é impossível fazer qualquer tipo de prognóstico para os principais preços e indicadores da economia. Ter uma ideia de qual será a inflação - que já ronda o teto da meta, é também um desafio, diz, já que os preços de combustível, energia elétrica, tarifas de transporte público estão represados e, quando liberados, podem jogar a inflação para a casa dos dois dígitos.
"Uma inflação nesse patamar exigiria muito mais que 11% de taxa básica de juro. E, se o dólar atrasado tiver a valorização que precisa, como ficam também a inflação e os juros? E por aí vai, ninguém sabe, não tem como fazer prognóstico", afirma. "Um cenário de indefinição tão grande não sugere ao investidor outra regra que não a da diversificação", complementa Santalucia.
Rentabilidade
Ainda de acordo com o consultor de investimentos, uma carteira com essas características contemplaria a aplicação de 33% dos recursos em investimento com rentabilidade atrelada à taxa Selic, como os fundos DI e a Letra Financeira do Tesouro (LFT). Título da dívida pública ofertado pelo Tesouro Direto na quinta-feira, dia 4, a LFT embutia juro de 11% ao ano, mesmo nível da Selic. A fatia de outros 33%, de acordo com Santalucia, ficaria confortável e protegida em aplicações que blindam o dinheiro contra a inflação e rendem adicionalmente juro real, como a Nota do Tesouro Nacional da série B (NTN-B), título da dívida pública federal disponível para aplicação pela internet no programa Tesouro Direto.
Uma NTN-B com vencimento em dez anos ofertada na quinta-feira acenava com juro real prefixado em torno de 5,40% ao ano mais correção monetária pela variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulada até o vencimento. "A opção mais indicada para os restantes 33% é a destinação para investimentos fora do País, principalmente nos Estados Unidos", sugere Santalucia.
A aplicação pode ser feita em bancos que mantêm fundos com carteiras formadas por títulos emitidos no exterior, que podem ser ações, títulos de companhias privadas ou até mesmo do Tesouro americano.
Fonte: Diário Online (Jornal Diário do Nordeste)