Pular para o conteúdo principal

Publicado em: 08/09/2014

Categoria

Recursos para crédito voltam para o Governo

O Governo tem liberado recursos para os bancos emprestarem, mas ele mesmo toma o crédito, reduzindo a disponibilidade de dinheiro para o consumidor e anulando benefícios

Apesar dos esforços do Governo para ampliar a oferta de crédito, há quase R$ 750 bilhões - valor recorde - recolhidos pelo Banco Central em operações diárias com o mercado, o “overnight”, para equilibrar a quantidade de dinheiro circulando.

Na comparação com o tamanho da economia, o valor corresponde a 14% do Produto Interno Bruto (PIB), maior patamar desde a crise que paralisou a atividade econômica em 2009.

O valor se refere a recursos dos bancos que estavam retidos no Banco Central na forma de depósitos compulsórios e que foram liberados nos últimos anos para estimular o crédito e o crescimento do país.

Grande parte do dinheiro liberado, no entanto, foi parar de volta nas mãos do Governo. Desta vez, por meio da aplicação em títulos públicos, que é a forma como o Banco Central controla a quantidade de dinheiro no mercado.

Esse tem sido o resultado de uma série de pacotes econômicos anunciados desde a crise de 2008. O Governo tenta liberar o dinheiro, mas, como não há demanda por crédito nem disposição de emprestar, os recursos são reaplicados pelos bancos.

Isso ocorreu, por exemplo, no biênio 2008-2009 e a partir de 2012, épocas em que foram feitas grandes liberações de depósito compulsório em momentos de recuo na atividade econômica.

Em 2010, último ano em que a economia apresentou crescimento expressivo, por outro lado, essas operações representavam praticamente metade do que se verifica hoje (7,7% do PIB).

Para o economista Miguel Daoud, diretor-sócio da Global Financial Advisor, essa tendência se repete neste ano, como mostram os dados do Banco Central. “Essas medidas têm efeito muito mais midiático e político do que econômico”, afirmou Daoud. “Porque hoje não há disposição do empresariado, do investidor e do consumidor em investir”.

Para o ex-diretor do Banco Central Carlos Eduardo Freitas, essa situação deve se manter até que haja uma definição sobre a disputa eleitoral e uma indicação de qual será a política econômica a partir de 2015.

“Eu já esperava por isso. A economia está parada. Tanto pessoas físicas como empresas estão jogando na defesa. E os bancos não estão querendo emprestar”, disse.

O saldo de empréstimos bancários desacelerou em julho pelo sétimo mês seguido e apresentou a menor taxa de expansão do Governo Dilma Rousseff - 11,4% ante o mesmo mês de 2013. Há três anos, o crédito crescia a uma taxa anual de quase 33%.

Dívida

O aumento nas operações do Banco Central com títulos (chamadas de compromissadas) é o principal fator responsável pelo aumento da dívida do setor público este ano. Os títulos negociados pelo Banco Central que estão hoje no mercado respondem por quase um quarto (24%) da dívida bruta. No fim do ano passado, eram menos de 20%. (da Folhapress)

Serviço

Veja as taxas de juros cobradas pelos bancos no site do Banco Central

http://bit.ly/1giuYKj

 

Fonte: O Povo Online (Jornal O Povo)