Os desafios econômicos de quem for eleito
Dilma Rousseff (PT) ou Aécio Neves (PSDB). O presidente eleito no próximo dia 26, terá muitos desafios pela frente. Eles precisam ser superados para fortalecer a economia brasileira
Ao final, os entraves econômicos serão os mesmos para quem for eleito presidente do Brasil no próximo dia 26. Especialistas ouvidos pelo O POVO defendem o que, necessariamente, deve ser feito para o País retomar o crescimento e não patinar na economia. Inflação, infraestrutura, tributos, gastos públicos e confiança são os aspectos citados.
Para o economista consultor e sócio da SM Consultoria, Victor Leitão, a inflação é a situação mais urgente a ser resolvida. “Os preços estão represados. Combustível, energia e transporte estão com preços segurados para manter a inflação dentro do teto da meta (6,5%), até agora, por meio do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).”
Victor analisa que a hora de ser impopular é no começo do governo, portanto, é o momento de subir preços. “Fazer esse represamento não é sustentável. Elétricas e Petrobras não conseguem se sustentar por muito tempo assim”.
Outros dois desafios apontados pelo consultor andam juntos, burocracia e corrupção. Para ele, o funcionamento ineficaz das instituições públicas e a dificuldade para resolver questões contribuem para a lentidão . “Embora não justifique, mas essa demora gera favorecimentos, propinas e prevaricação (crime contra a administração pública)”.
Uma ampla reforma tributária também é apontada como uma dos pilares da solução econômica para o Brasil. “Simplificar o processo tributário. Se não tiver ninguém para comprar essa briga com os estados, que demanda muito tempo e custo, acaba complicando eternamente”, destaca Victor.
“Restabelecer a confiança tanto de empresários e consumidores. Dos empresários de forma a que possam investir e dos consumidores que possam consumir”, avalia Miguel Ribeiro, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
Ele adverte que a inflação leva à retração da indústria e a confiança de empresários e consumidores. Reforma tributária está na lista do vice-presidente, além de melhoria na infraestrutura, forma que barateie o escoamento da produção e custo Brasil. “Inflação e juros (Selic em 11% ao ano) mais elevados resultam em maior endividamento das famílias, com redução na renda. Junto da preocupação com a perda do emprego, isso deve fazer o consumidor ser mais cauteloso em suas dívidas”.
O especialista em economia e gerente de crédito do Banco Petra, Afonso de Deus, ratifica as iniciativas urgentes de quem assumir presidência da república. E destaca o desenvolvimento de projetos de infraestrutura como planejamento de Estado, e não como projeto de governo.
Ele alerta para uma urgente reforma política. “Nossa forma de representatividade, eleição, financiamento de campanha. É algo que interfere diretamente na economia. Por isso, também tem que mudar”.
10 desafios econômicos que o Brasil precisa superar
1 - Inflação
Beirando o teto da meta do Governo Federal, freia o consumo, reduz a produtividade da indústria e gera desemprego.
2 – Tributação
Alta e complexa, dificulta e onera os negócios das empresas, além de pesar desigualmente entre os consumidores, prejudicando os mais pobres.
3 - Infraestrutura
Portos, aeroportos, estradas e ferrovias não facilitam o escoamento da produção, deixando os produtos mais caros.
4 - Gastos públicos
Muito elevados, mas não tornam a máquina pública eficiente o necessário. No entanto, maior problema é má aplicação dos recursos, muito em custeio e pouco em investimento.
5 - Corrupção
Além de um crime, desvia recursos que poderiam ser usados em infraestrutura, educação, por exemplo, tudo que colabora para o avanço da economia
6 - Confiança
Com a burocracia, o alto custo Brasil, inflação elevada, a confiança de consumidores e de empresários é abalada. Com isso, são freados investimento e consumo
7 - Juros
Elevado ao longo do tempo, além de reduzir o consumo, eleva o endividamento das famílias brasileiras e o custo das empresas. A especulação acaba rendendo mais que investimentos.
8 - Exportações
Política cambial desordenada e o elevado custo Brasil tornam as empresas pouco competitivas no mercado internacional
9 - Modelo político
Financiamento de campanha e “loteamento” de cargos tem causado ineficiência na gestão das empresas públicas
10 -Dificuldades para empreender
Burocracia, carga tributária e falta de incentivos ao empreendedorismo ocasiona a abertura de menos empresas.
Fontes: Victor Leitão, economista consultor e sócio da SM Consultoria; Miguel Ribeiro, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) e Afondo de Deus, especialista em economia e gerente de crédito do Banco Petra.
Fonte: O Povo Online (Jornal O Povo)