Inadimplência de empresas chega a 6,44% no Nordeste
Apesar de o número de empresas com compromissos em atraso ter crescido em todas as regiões brasileiras, a alta no mês de setembro sofreu desaceleração generalizada nas cinco divisões do País. Na região Nordeste, que em agosto registrara o avanço mais acentuado, ficou em segundo lugar no ranking de maiores altas (6,44%) – já que a maior alta anual, de 6,63% ocorreu no Sudeste. Os números divulgados, ontem, são do indicador calculado pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).
Na comparação com a média de crescimento nacional, de 6,22% - em comparação com setembro de 2013 -, o Norte, Centro-Oeste e Sul registraram taxas inferiores à do País, com crescimentos de 4,56%, 2,99% e 2,68%, respectivamente. No Brasil, o número de empresas inadimplentes apresentou novo crescimento no mês de setembro, mas a alta foi menos intensa do que em períodos anteriores. Segundo o levantamento, o avanço de 6,22% é a menor alta dos últimos sete meses.
Já na comparação com o mês imediatamente anterior o resultado foi de queda: retração de 0,51%, na comparação entre setembro e agosto deste ano. O recuo da inadimplência das empresas, na base mensal de comparação, representa a primeira variação negativa em dez meses e a queda mais intensa observada para os meses de setembro de toda a série histórica, iniciada em janeiro de 2010.
DESTAQUES
Em relação ao tempo de permanência das dívidas na base de registros do SPC Brasil, o detalhamento revela um movimento de queda mensal mais intenso das pendências financeiras com menos tempo de atraso (até 180 dias). Os economistas do SPC Brasil explicam que esse movimento pode ser um reflexo das renegociações feitas por empresas com dívidas mais recentes em atraso, que acabam saindo da base de registros.
A análise das pessoas jurídicas por setor do devedor (segmento que está com as dívidas atrasadas em seu nome) mostra que as maiores altas foram observadas nos segmentos de serviços (9,68%), indústria (6,01%), comércio (5,02%) e agricultura (4,46%). Além disso, em setembro de 2014, quase metade (49,54%) das empresas com dívidas pertenciam ao segmento do comércio. Em seguida aparecem os setores de serviços (36,04%) e indústria (9,82%).
ANÁLISE
Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, a melhora do indicador de inadimplência da pessoa jurídica tem relação direta com o movimento de pessoas físicas com dívidas em atraso. Em setembro deste ano, o indicador que mede a evolução dos consumidores devedores mostrou um recuo de 1,14%. “Uma vez que mais consumidores pagaram seus atrasos no mês, a saúde financeira das empresas pode ter sido positivamente afetada, o que permitiu que o número de pessoas jurídicas com pendências também caísse. Essa lógica explica uma direção da causalidade entre a inadimplência de pessoas físicas e jurídicas, que deve ser analisada em conjunto”, explica a economista.
Para os economistas do SPC Brasil, o resultado nacional está relacionado ao papel intermediário assumido pelos comerciantes. “Muitos atacadistas, por exemplo, ao revenderem mercadorias aos varejistas, ganham maior participação no mercado e ficam mais expostos. Com isso, o segmento acaba também respondendo pela maior parte da inadimplência”, justifica Marcela Kawauti.
Fonte: O Estado do Ceará