MERCADO ESPECULA - Mantega sairia antes de 31/12
Brasília. No Palácio do Planalto, é dado como certo que, diferentemente do que vem afirmando, Guido Mantega não permanecerá no cargo até 31 de dezembro. Assim que Dilma anunciar todos os nomes da nova equipe econômica, o ministro da Fazenda deixará a Esplanada. Por isso, ele corre contra o relógio para encerrar sua tarefa derradeira.
Nos bastidores do mercado financeiro, fala-se que o papel de Mantega é dar embocadura a um novo discurso do qual ele não será o executor. O aumento de 3% no preço da gasolina foi a primeira medida do ajuste costurado pelo ministro. A avaliação foi positiva por ter causado menos chiadeira na população do que esperava o Planalto. Oposicionistas e parte do mercado, porém, continuaram a reclamar que o reajuste foi "insuficiente" para aliviar o caixa da Petrobras.
Extra
Depois de Dilma ter sido reeleita, Mantega passou a espichar seu expediente até por volta das 22 horas, somando 12, às vezes 13 horas, de trabalho. Seu esforço passou pelo projeto enviado na semana passada ao Congresso para alterar a meta de superávit primário e, assim, evitar que um déficit das contas públicas represente o descumprimento da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). A medida, apesar de não ser rechaçada por boa parte dos brasileiros, causou ainda mais abalos na pouca confiança dos agentes econômicos na equipe chefiada pelo ministro demissionário. Mesmo ciente da repercussão negativa no mercado, área para onde ele pode ir quando deixar o cargo, Mantega, mais uma vez, defendeu com convicção a medida exigida pela Presidência.
Após o G-20
Assim que voltar ao Brasil após o encontro do G-20, na Austrália, Mantega terá novamente de dedicar tempo ao urgente projeto de mudança das regras do abono salarial, do seguro-desemprego e da concessão de pensões por morte, fontes de despesa de quase 4% do PIB do País.
Em mais um esforço para tentar elevar receitas e reduzir despesas, é possível que sobre também para Mantega anunciar a eventual volta da Cide, imposto que incide sobre combustíveis, hoje com alíquota zero. No pós-eleição, Mantega passou ainda a defender a necessidade de diminuir os subsídios dos bancos públicos para gerar negócios privados, ideia combatida pela campanha eleitoral petista.
Embora o ministro Guido Mantega viesse dando sinais de que não gostaria de integrar um eventual governo petista a partir de 2015, o anúncio-surpresa de sua demissão três meses antes do fim do mandato foi decidido pela presidente, no dia do debate eleitoral do SBT.
Fonte: Diário do Nordeste