APESAR DA EXPANSÃO ECONÔMICA - Fortaleza é a segunda pior em condições para empreender
Estudo avaliou 14 capitais com condições mais propícias para o desenvolvimento de empresas
Fortaleza foi a segunda capital brasileira que mais cresceu economicamente entre 2009 e 2011. A taxa média do Produto Interno Bruto (PIB) real registrou 5,62%, atrás apenas do Recife (6,04%) e bem acima da média de 2,98%, das 14 cidades analisadas no Índice de Cidades Empreendedoras (ICE) 2014. No entanto, as condições para empreender ainda enfrentam desafios na Capital.
O estudo, realizado pela Endeavor Brasil, em parceria com a Bain&Company, busca examinar o ecossistema empreendedor de um grupo de capitais brasileiras, para apontar aquelas que possuem condições mais propícias para o desenvolvimento de empresas e mostrar como ainda podem evoluir.
Além de Fortaleza, foram analisadas as seguintes capitais: Manaus, Belém, Recife, Salvador, Brasília, Goiânia, Vitória, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre. A escolha foi feita porque essas cidades possuem regiões metropolitanas com mais de 1% das empresas de alto crescimento do Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar do crescimento econômico nos últimos anos, a Capital cearense teve o segundo pior resultado no ICE 2014. Com 4,77 pontos, ficou em 13º lugar no ranking, ganhando só de Salvador (4,53), última colocada.
A performance empreendedora das 14 metrópoles é resultado de um conjunto de sete determinantes adotados pela Endeavor Brasil: ambiente regulatório; infraestrutura; mercado; acesso a capital; inovação; capital humano; e cultura. Por outro lado, o estudo ressalta que Fortaleza também apresenta pontos capazes de beneficiar seus empreendedores, mesmo possuindo a segunda menor renda per capita (R$ 813.62), atrás de Manaus (R$ 747.15).
Embora a educação em Fortaleza não seja tão acessível e o estoque de mão de obra qualificada seja baixo, os que chegam à universidade encontram bons cursos, revela o ICE 2014, o que garante ao empreendedor margem para boas contratações.
Conforme o estudo da Endeavor Brasil, outro fator importante são os salários mais baixos entre as capitais (R$ 2.863 frente à média de R$ 4.800, aproximadamente, para contratar um dirigente). Isso permite ao empreendedor formar um bom time, investindo menos que em outras cidades.
Pontos positivos
A Capital também apresenta outros bons indicadores, como um bom relacionamento entre universidades e instituições de ensino e a melhor percepção, por parte da população, sobre a atuação do governo como apoiador do empreendedorismo.
O ICE 2014 revela que 46% da população acredita que o governo apoia os empreendedores, a maior taxa entre as capitais analisadas (a média é de 34%). Parte dessa percepção seria fruto do esforço empreendido pela da Secretaria Municipal (SDE), que vem melhorando o ambiente de negócios local.
Desafios
O estudo aponta que um dos principais desafios de Fortaleza, no que se refere ao empreendedorismo, é a dificuldade de obter capital. Especialmente quando busca crédito, o empreendedor local pode ter problemas.
A cidade, por exemplo, tem o terceiro mais baixo nível de operações em relação ao PIB, à frente apenas de Manaus e Vitória. O índice acanhado de investimentos é visível também por outras fontes de recursos.
Se os salários na Capital são baixos e há qualidade nos cursos de graduação, o empreendedor pode levar um bom tempo para encontrar mão de obra qualificada, principalmente, porque apenas uma parcela restrita da população tem acesso à educação. Apenas 52% da população completou o ensino médio), a taxa de graduados (14,4%) é a terceira menor - a média é de 23,2% - e o ensino profissionalizante chega apenas a 2,71% dos jovens, a quarta pior taxa.
"São necessários mais investimentos em capital humano. Esse é o maior gargalo identificado nas cidades nordestinas: 40% da população não têm ensino médio completo. Entre as sete determinantes, Fortaleza precisa melhorar em ambiente regulatório, infraestrutura, inovação, acesso a capital e capital humano. Esta última área, na minha opinião, é a mais importante", afirma a gerente de relações institucionais da Endeavor, Juliana Queiroga.
Para ela, o ICE é uma contribuição da Endeavor à sociedade brasileira, pois empresários e gestores públicos podem traçar estratégias e buscar melhorar os indicadores a partir dos dados do estudo.
Por fim, há problemas na infraestrutura interna da capital, em especial a alta insegurança (Fortaleza tem o 4º índice) e o baixa conectividade - apenas metade da população tem acesso à internet, sendo que a média nas 14 capitais é quase 65%.
Fonte: Diário do Nordeste