Senadores querem prioridade para investimentos na Embrapa
Sem reforço orçamentário, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) se distanciará do conhecimento tecnológico produzido por grupos estrangeiros, ampliando a dependência do agronegócio brasileiro de tecnologia gerada em outros países. O alerta foi feito pelos senadores Blairo Maggi (PR-MT) e Waldemir Moka (PMDB-MS), em reunião nesta quinta-feira (27) na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA). Eles pedem prioridade para investimentos na estatal.
Blairo Maggi lembra que a Embrapa foi essencial para a modernização da agricultura brasileira, responsável, entre outras, por pesquisas que permitiram a ocupação produtiva dos solos da região central do país.
– Mas isso é passado, não acontece mais. A Embrapa não acompanhou o ritmo das grandes empresas de pesquisa agrícola no mundo, principalmente as multinacionais, que têm bilhões de dólares à disposição para fazer, por exemplo, pesquisa de transgênicos, quer seja no aumento de produtividade, no aumento de resistência a pragas ou de teor de açúcar na cana – exemplificou.
Os senadores consideram que, apesar dos crescentes volumes de produção, a agricultura brasileira enfrenta ameaça por não contar com tecnologias nacionais e depender de conhecimento detido por grupos estrangeiros. Como exemplo, Blairo Maggi citou as modernas máquinas utilizadas no cultivo de grãos, fabricadas por empresas estrangeiras e que permitiram ao país produzir duas safras por ano.
– Sempre há o risco de uma empresa dessas, por questões políticas, dizer que o Brasil virou um player que incomoda a nação norte-americana, ou qualquer outra, e parar de transferir tecnologia para o Brasil, deixando o país dez, quinze, vinte anos atrasado em relação ao que está acontecendo no mundo – frisou o senador pelo Mato Grosso.
Essa situação de dependência tecnológica, disse, não se dá apenas na mecanização agrícola, mas também com fertilizantes, sementes, pesticidas e outros insumos.
– Precisamos fortalecer a Embrapa, precisamos fazer com que a Embrapa volte aos bons tempos, nas décadas de 80 e 90 – opinou Moka.
Autonomia
Na reunião, Waldemir Moka leu voto favorável ao PLS 201/2014, determinando que os recursos da venda de produtos desenvolvidos em um centro de pesquisa da Embrapa e de royalties sobre tecnologias geradas na unidade sejam investidos na própria unidade.
Atualmente, a Embrapa repassa os recursos gerados por seus centros de pesquisa ao Tesouro Nacional. Com o projeto, seu autor, senador Ruben Figueiró (PSDB-MS), pretende reforçar o trabalho dos pesquisadores de uma unidade, que poderão reinvestir os recursos gerados e ampliar suas pesquisas.
Por falta de quórum para deliberação, o projeto não pôde ser votado nesta quinta-feira e o presidente da CRA, senador Benedito de Lira (PP-AL), anunciou que a matéria e as demais proposições que estavam na pauta serão analisadas na próxima semana.
Desmatamento
Ainda na reunião desta manhã, o senador Acir Gurgacz (PDT-RO) comentou dados divulgados na quarta-feira (26) pelo Ministério do Meio Ambiente, revelando que o desmatamento da Amazônia Legal caiu 18% entre agosto de 2013 e julho de 2014, em relação aos 12 meses anteriores.
– Não há mais necessidade de desmatar na floresta amazônica para o desenvolvimento das atividades produtivas. Basta usarmos as áreas degradadas ou fazermos as conversões das áreas de pastagens para áreas de plantio de grão, uma vez que a pecuária tem se aperfeiçoado muito na região e não precisamos de grandes áreas para manter ou aumentar nossos rebanhos – afirmou Acir.
Fonte: Agência Senado