EM 2015 - Ajuste fiscal sólido pode reduzir juros
Para ex-diretor do BC, estratégia traria de volta ainda a credibilidade da política econômica brasileira
São Paulo. Um ajuste fiscal sólido, com redução de desonerações e correção de preços administrados, pode permitir o resgate da credibilidade da política econômica, a ponto de levar os juros a cair em 2015. A avaliação é do ex-diretor do Banco Central (BC) e sócio da Divitia Investimentos, Sérgio Werlang. "O ajuste fiscal requer contenção do crescimento dos gastos do governo e também correção dos preços administrados, como o aumento da gasolina. É importante a paridade do preço doméstico da gasolina com o internacional. Mais que elevar a Cide, essa medida seria mais relevante, inclusive para ajudar na recuperação do caixa da Petrobras", diz.
Ele acredita que o governo tem condições de entregar um superávit primário recorrente entre 2% e 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em dois anos e avalia que "não há necessidade" do BC adotar o programa de venda de dólar no mercado futuro, conhecido por swap cambial, em 2015. Isso seria oportuno para levar o dólar para uma marca entre R$ 2,70 e R$ 2,80, que se for mantida ao longo do ano que vem poderia reduzir o déficit de transações correntes para 2,4% do PIB ao fim do próximo ano.
Ajuste fiscal
Para Werlang, "o governo deverá olhar o tamanho do subsídio implícito do Tesouro com os financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)". Ele acredita que o mais adequado seja uma redução dos desembolsos do banco e um aumento da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). A importância de elevar a TJLP também seria importante para aumentar a eficácia da política monetária.
Política monetária
O ex-diretor do BC defende ainda que "os juros poderão subir mais um pouco, talvez até 12% ao ano". "Mas um ajuste fiscal sólido poderá ajudar a equilibrar a demanda em relação à oferta", reafirma.
Ele acredita que uma melhora substancial das contas públicas pode gerar efeitos positivos sobre as expectativas dos agentes econômicos, com possível queda dos juros futuros. Nesse contexto, a expectativa é de que a taxa Selic poderá voltar a baixar no ano que vem.
Avanço da oferta
Werlang aponta também o estímulo à economia a partir da organização dos incentivos de longo prazo. Neste sentido, ele fala de "dar regras que serão cumpridas para vários setores, sobretudo energia elétrica, petróleo e gás", assim, o aumento da estabilidade institucional das normas para este setores tornará mais fácil os investimentos.
Política cambial
"Acredito que não há necessidade de manter o programa de swaps cambiais em 2015. Isso subiria um pouco o dólar", diz, citando estudos que indicam uma cotação entre R$ 2,70 a R$ 2,80 durante 2015, a qual levaria o déficit em contas correntes para 2,4% do PIB.
Fonte: Jornal Diário do Nordeste