Setor prevê recessão e foca no processo produtivo
A queda nas vendas neste início de ano, em grande parte do comércio brasileiro, com o consequente recuo na busca por produtos manufaturados, está fazendo com que a previsão do investimento industrial seja direcionada à melhoria do processo produtivo, em vez do aumento da capacidade de produção. A informação consta da pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgada ontem. Isto vem ao encontro às ações de incentivo à busca pela inovação tecnológica, conforme está sendo feito pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) e outras entidades similares em todo o território nacional.
Dentre os empresários ouvidos durante o levantamento, 36,1% afirmaram que deverão investir, este ano, para melhorar seus atuais processos de fabricação, enquanto 25,1% pretendem aumentar a capacidade fabril. Na pesquisa semelhante, realizada no ano passado, 32,1% queriam investir na melhoria do processo e 29,6% para aumento da capacidade de fabricação. O estudo mostra, ainda, que, nos últimos quatro anos, foi registrado um crescimento de 10,4 pontos percentuais à participação dos investimentos cujo objetivo é melhorar o processo produtivo – ou seja, a redução de custos e aumento da competitividade.
RECESSÃO
De acordo com o gerente de Políticas Econômicas da CNI, Flávio Castelo Banco, o aumento da capacidade de produção não está sendo prioridade, porque os empresários acreditam que deverá haver uma redução sensível no consumo, nos próximos meses. O próprio ministro da Fazenda, Joaquim Levy, admitiu que o Brasil deverá ingressar em um quadro recessivo, pelo menos nos três ou quatro primeiros meses deste ano. “Quando olhamos para os dados mensais, vemos que a utilização da capacidade instalada tem estado abaixo do usual. Quando há ociosidade, é um desestímulo para o investimento”, asseverou.
A maioria dos empresários acha a capacidade produtiva atual suficiente para suprir a demanda. O estudo da CNI mostrou que, para 87,2% das empresas industriais, a capacidade produtiva instalada está adequada ou mais do que adequada para atender à demanda de 2015. Segundo Castelo Branco, “as dificuldades da economia intensificaram-se, e o desempenho da indústria, em 2014, com certeza vai ser negativo”. Para 2015, ele destacou que a CNI pode rever, no fim de fevereiro, a previsão atual de crescimento de 1% do PIB da indústria.
Fonte: O Estado do Ceará