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Publicado em: 28/01/2015

"O deputado e o sucateiro", texto do colega Antônio Paulo Ribeiro

O DEPUTADO E O SUCATEIRO

Nos idos de 1973, Goiânia estava em franco e explosivo crescimento, deixando de ser a menina-moça acanhada que era, para posteriormente ser uma metrópole com mais de um milhão de habitantes. As flores que a adornavam eram os ipês e os flamboyants, deixando-a já com olhares furtivos e matreiros.

E neste cenário, Antônio Paulo catava sucata de metais nas suas ruas, já há um bom tempo, pois contava já com dezenove anos. Era uma grande labuta, pois era arrimo de família. Cruzava a cidade pelos quatro cantos, sob sol e chuva, mas manteve a unidade da família, da mãe e dos dez irmãos, pois todos só saíram de casa após casarem-se.

E justamente nessa época, os vizinhos e amigos passaram a questioná-lo por que, sendo ele afilhado de Resende Monteiro, deputado federal, o mais notório de todos os tempos, não o encaixava no serviço público? Por que não procurá-lo? Antônio Paulo raciocinava que o seu pai ajudara muito o deputado quando do início da carreira deste, e era do conhecimento deste a sua situação. Chegou Antônio Paulo à conclusão de que seria muito humilhante pedir um cargo no serviço público através do mesmo. Pelo sim ou pelo não, decidira não pedir.

Passados dois anos, eis que surge concurso para o Fisco estadual , editado pelo governador Irapuan da Costa Junior. Antônio Paulo inscreve-se sob as bençãos de Deus, habilitou-se entre os melhores classificados.

A vida nos ensina que quando conquistamos objetivos por mérito próprio e usando a Justiça, a plenitude da satisfação pessoal se aflora.

Talvez, se tivesse Antônio Paulo procurado o deputado e este lhe houvesse arrumado uma colocação no Estado, esta seria talvez a de um cargo muito subserviente, com vencimentos irrisórios...

Goiânia, 25 de janeiro de 2015

Antônio Paulo Ribeiro de Moraes

Auditor Fiscal aposentado

Fonte: Affego