Juros de 200,6% ao ano é o maior patamar desde 1999
A taxa média de juros no cheque especial chegou a 200,6% ao ano em dezembro do ano passado, segundo informou, ontem, o Banco Central (BC). Esse é o maior percentual desde fevereiro de 1999, quando o juro nessa modalidade estava em 204,3% ao ano. Os juros cobrados pelos bancos, nesta linha de crédito, tiveram forte aumento em 2014. No fim de 2013, estavam em 147,9% ao ano. O crescimento, portanto, foi de 52,7% em todo o ano passado.
Ainda com relação a 1999, o cheque especial chegou a cair a 136,3% ao ano, marca atingida em maio de 2013. Esse foi o menor valor das estatísticas do BC, que começam em julho de 1994 para essa taxa. Naquela época, o juro dessa modalidade atingiu o pico de 294% ao ano. O BC informou ainda que a taxa média do crédito ao consumo chegou a 43,4% ao ano em dezembro de 2014. Houve ligeira queda em relação ao dado de novembro (44,1% ao ano).
Para as empresas, o juro das operações com recursos livres saiu de 23,5% ao ano para 23,3% em dezembro. Já o juro médio total com recursos livres cedeu de 32,9% ao ano em novembro para 32,4% no mês passado. No ano, a taxa subiu 3,4%.
OPERAÇÕES DE CRÉDITO
A taxa média de juro cobrada pelo sistema financeiro, nas operações de crédito, registrou queda no último mês de 2014, saindo de 21,3% ao ano em novembro para 20,9% em dezembro. Ao longo de 2014, as taxas subiram 1,2%. O valor total da carteira de crédito do sistema bancário, incluindo operações com empresas e consumidores, cresceu 11,3% em 2014, menor variação da série do BC, que começa em 2007. Em 2008, o crédito chegou a crescer 31% em um único ano. O crédito livre para empresas cresceu 3,9% no ano.
Os empréstimos para pessoas físicas com juros subsidiados, por outro lado, avançaram 16,3%. Isso inclui, principalmente, o BNDES. Para as pessoas físicas, o aumento foi de 5,5% no crédito com juros livres e 24,1% no subsidiado, representado principalmente pelo habitacional. No livre, destacou-se a queda de 4,4% no crédito para veículos. Apesar do avanço menor no ano, o valor total das dívidas com os bancos alcançou a marca inédita de R$ 3,02 trilhões. Na comparação com o PIB (Produto Interno Bruto), o crédito passou de 56% para 58,9% entre 2013 e 2014.
INADIMPLÊNCIA
A inadimplência à pessoa física no crédito com juros definidos livremente pelo mercado recuou de 6,7% para 6,5% entre o fim de 2013 e de 2014. O valor está próximo ao mínimo registrado pelo BC, que foi de 6,3% em março de 2011, início da série histórica para esse dado. No cheque especial, as dívidas em atraso correspondem a 11,2% dos empréstimos, maior percentual verificado nesse mesmo período.
O avanço do crédito subsidiado, que responde por 48% dos empréstimos no País, levou também a um crescimento na participação de mercado dos bancos públicos. Essa fatia passou de 51,2% em dezembro de 2013 para 53,6% no mesmo mês do ano passado. A carteira de crédito dos bancos públicos avançou 16,5% em 2014 em relação ao fim de 2013, segundo dados do BC. Os bancos nacionais privados tiveram crescimento de 6,4%, enquanto que os estrangeiros que atuam no Brasil, de 4,5%. A inadimplência subiu nos estatais de 1,8% para 2,1% em 2014. Nos nacionais, recuou de 4,3% para 4,0%. Nos estrangeiros, de 4,1% para