ACQUARIO CEARÁ - Governo já gastou mais de R$ 125 milhões na construção do Acquario
Maiores cifras foram para ICM-Reynolds, que teve o contrato paralisado pela Secretaria do Turismo na sexta-feira
De acordo com dados do Portal da Transparência, o projeto do Acquario Ceará, que voltou ao centro das polêmicas, já custou R$ 125,5 milhões aos cofres do Estado.
O valor corresponde à metade do que foi orçado pelo Executivo em 2011, quando a construção se iniciou. A obra, por causa de empréstimos contraídos no Exterior, foi calculada em dólares. O total é de cerca de US$ 150 milhões.
Segundo Arialdo Pinho, titular da Secretaria do Turismo (Setur), 65% da parte civil da obra foi concluída; na de equipamentos, o percentual é de 18%.
Ainda conforme o Portal da Transparência, a ICM-Reynolds, empresa norte-americana cujo contrato foi suspenso pelo Governo na última sexta-feira, é a destinatária da maior fração do orçamento. Até aqui, a companhia recebeu R$ 84 milhões de um total de R$ 250 milhões.
Entretanto, de acordo com nota divulgada ontem pelo Palácio da Abolição, a paralisação do contrato não significa a interrupção das obras do Acquario. A paralisação, diz a nota, ocorreu “em virtude da análise dos requerimentos feitos pela própria contratada”.
O Governo não especifica a que se referem esses requerementos.
Arialdo Pinho diz que a parte civil da obra, executada por outra empresa, a CG Construções, continua. A ICM-Reynolds é responsável pelo fornecimento da parte “técnica” do empreendimento, como bombas e tanques.
Assembleia
A suspensão do contrato com a ICM e o adiamento do prazo para entrega do Acquario para 2017 foram debatidos na Assembleia Legislativa ontem. A oposição ao Governo do Estado exige explicações do Palácio da Abolição sobre os motivos pelos quais a construção foi parada.
O deputado Heitor Férrer (PDT) protocolou requerimento para que o secretário do Turismo compareça à comissão de Fiscalização e Controle para informar quais foram os problemas que levaram o Governo a suspender os trabalhos.
“O que motivou essa auditoria? O mesmo interesse que ele (Arialdo Pinho) tem como membro do Executivo, nós temos como membros do poder fiscalizador”, argumentou.
De acordo com o oposicionista Danniel Oliveira (PMDB), a nova paralisação servirá como justificativa para ampliar o valor da obra. “Não é preciso ser vidente para ver isso”, ironizou o parlamentar.
Vice-líder do governo, Júlio César Filho (PTN) disse não ver problemas na decisão de Arialdo Pinho.
“É natural que, em todo o início de governo, os secretários procurem se inteirar sobre todas as obras que já estavam em curso”, afirmou.
César Filho nega que a paralisação resultará em novos custos para os cofres do Estado. Quanto ao anúncio de que a obra só será entregue em 2017, ele eximiu a atual gestão de qualquer responsabilidade.
Na próxima quarta, o colégio de procuradores do Ministério Público Estadual votará sobre o desarquivamento das investigações engavetadas pela Procuradoria Geral de Justiça.
NÚMEROS
R$ 84 milhões foi o valor aproximado pago à construtora americana ICM até o momento
2017 é a nova data de entrega da obra, mais de três anos após o prazo inicial
60 dias é o prazo de suspensão das obras determinado pela Setur
Perguntas não respondidas
1. O que, exatamente, justificou a paralisação do contrato com a ICM? Governo fala que há questionamentos sobre pagamentos, mas que não se trata apenas disso.
2. Afinal, a obra foi paralisada ou não? A versão do governo entra em confronto com a fala dos moradores da região.
3. Ainda há necessidade da construção do estacionamento. Onde o governo irá construí-lo?
4. Por que a auditoria feita agora pela Setur irá levar a um adiamento de dois anos na entrega da obra?
5. Se a parte de construção civil ainda não está concluída, o que exatamente já foi adquirido da ICM-Reynolds pelo governo estadual, que justificaria gasto de R$ 84 milhões?
6. O atual comando da Setur diz que precisa se inteirar da situação da obra. Essas informações não seriam facilmente repassadas pela gestão anterior? Afinal, trata-se de um governo de continuidade.
Repórter: Renato Sousa
Fonte: Jornal O Povo