Cid reforça acusação e pede demissão do MEC
Com apenas 77 dias no comando do Ministério da Educação, Cid Gomes deixou ontem o comando da pasta e se tornou a 1ª baixa do novo governo Dilma Rousseff. Saída ocorre após bate-boca do ministro com deputados
Após 77 dias à frente do Ministério da Educação (MEC), Cid Gomes (Pros) pediu demissão ontem e é a primeira baixa do novo governo Dilma Rousseff (PT). Em sessão na Câmara dos Deputados marcada por embate e troca de acusações, o ex-ministro reiterou críticas a “achacadores” e provocou protestos de parlamentares. Deixando a Casa após ser chamado de “palhaço”, Cid foi ao Palácio do Planalto logo em seguida e comunicou à presidente sua saída da pasta.
A demissão foi confirmada em plenário pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em mensagem do chefe da Casa Civil. Antes do anúncio, o PMDB - maior partido da base aliada - condicionou seu apoio à saída imediata do ministro.
A queda de Cid, que era da cota pessoal de Dilma, teve o efeito de não aprofundar ainda mais a crise com o Congresso. Nas últimas semanas, desdobramentos da operação Lava Jato têm dificultado o diálogo com o Legislativo. Com projetos polêmicos na fila para votação, a saída do ex-governador do Ceará pode atrair maior simpatia das bancadas.
O episódio, no entanto, prejudicou os planos do Planalto de transformar o anúncio do pacote anticorrupção no início de uma “agenda positiva”. A briga na Câmara acabou ofuscando a ação.
Embates
Na sessão de ontem, o Planalto esperava que Cid se desculpasse por acusação da existência de “300 ou 400 achacadores” na Câmara.
Ao invés disso, Cid reiterou crítica e desafiou o presidente da Casa: “Prefiro ser acusado de mal educado a ser acusado de achacador, como ele”, disse, apontando para Cunha.
“Não vou admitir que alguém que seja representante do Poder Executivo não só agrida essa Casa, como também agrida a todos os parlamentares”, rebateu Cunha, que anunciou ainda que processará - em conjunto com a Câmara - Cid.
Presente à sessão, uma “comitiva” formada por Camilo Santana (PT), Roberto Cláudio (Pros) e diversos parlamentares cearenses foi retirada do plenário por determinação de Cunha. “Este plenário não lugar de claque”, disse o presidente.
Ao deixar o Planalto, Cid se disse “feliz” com sua saída.
“Eu estou feliz. Lamento pela educação do Brasil. Lamento porque tem muito o que fazer.” Aliados Cid negaram ao O POVO que sua saída fosse premeditada. Na conversa com Dilma, Cid disse não querer “trazer constrangimento” ao governo, mas que não poderia negar sua fala no caso.
Entenda a polêmica
27 de fevereiro. Em visita à Universidade Federal do Pará, Cid Gomes acusa, em reunião com estudantes, a existência de 300 a 400 “achacadores” no Congresso.
4 de março. Áudio da conversa vem a público. Deputados convocam o ministro à Câmara para esclarecer as declarações.
10 de março. Cid é internado no hospital Sírio- Libanês, em São Paulo.
11 de março. Data para a convocação de Cid. Alegando motivo de saúde, ele deixa de comparecer. Casa aprova envio de comissão para checar estado de saúde do ministro.
Fonte: O Povo