Governo vence e senadores aprovam indicação de Luiz Fachin para STF
Jurista precisava de 41 votos, mas forte articulação do Palácio do Planalto lhe garantiu 52. O senador Renan Calheiros agiu contra e foi derrotado
Em uma vitória do Palácio do Planalto, o Senado aprovou ontem a indicação do advogado Luiz Edson Fachin para o STF (Supremo Tribunal Federal). Apesar da pressão de parte do PMDB contra a escolha do advogado, indicado pela presidente Dilma Rousseff, os senadores aprovaram seu nome para a corte por 52 votos favoráveis e 27 contrários.
Fachin precisava do voto de pelo menos 41 senadores para ocupar uma vaga de ministro do Supremo. O governo federal entrou em ação e mobilizou aliados para estarem presentes à votação e garantirem o número mínimo de votos para Fachin. Dos 81 senadores, 79 estavam no plenário no momento da votação - com exceção de Roberto Requião (PMDB-PR) e Zezé Perrella (PDT-MG).
Durante a sessão, cerca de 30 veículos estacionaram os carros na rua ao lado do Senado, na Esplanada dos Ministérios, e fizeram “buzinaço” contra a indicação de Fachin. O som não chegou a ser percebido dentro do plenário.
Intertítulo
Durante sabatina que durou cerca de 12 horas na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, na semana passada, Fachin disse estar pronto para julgar “qualquer partido” com independência. Também adotou discurso moderado para agradar setores que o viam com desconfiança.
O advogado disse que gravou um vídeo em apoio a Dilma, nas eleições de 2010, como representante de um grupo de juristas que apoiava a petista. Ao se declarar “independente”, disse ter feito campanha para José Richa ao governo do Paraná nos anos 80 -o pai do atual governador, Beto Richa (PSDB). Aliado de Fachin, o governador acompanhou a votação no plenário do Senado.
O advogado citou Joaquim Barbosa, a quem vai substituir no STF, para lembrar que o ex-ministro declarou ter votado no PT, mas agiu com independência na Corte quando decidiu pela condenação de envolvidos no escândalo do mensalão.
Na sabatina, Fachin evitou posições polêmicas. De formação católica, ele disse ser contra o aborto e “em defesa da vida”, citando como exemplo a relação com sua mulher e as filhas.
No começo da sabatina, Fachin definiu-se como um “sobrevivente” ao comentar as críticas que vem recebendo desde quando teve o nome indicado pelo Planalto.
Fonte: O Povo