HISTÓRICO - Dólar sobe pelo 5º dia e chega a R$ 4,14
Apesar da atuação do Banco Central para conter a escalada da moeda americana, incertezas com a política brasileira continuam a elevar o valor do dólar
Preocupações com as contas públicas brasileiras e incertezas políticas, além da crise global, voltaram a levar o dólar ao maior valor da história do real nesta quarta-feira, 23, apesar de o Banco Central ter atuado no mercado para tentar conter a escalada da moeda americana.
O dólar comercial, utilizado em transações de comércio exterior, fechou em alta de 2,24%, a R$ 4,145 na venda, pouco abaixo da máxima de R$ 4,152 registrada na última hora de negociações. Já o dólar à vista, referência no mercado financeiro, subiu 2,03%, para R$ 4,136.
Ambas as cotações estão no maior valor desde a criação do Plano Real, em 1994. É preciso considerar, no entanto, que o cenário econômico entre aquele ano e 2015 mudou drasticamente. O valor de R$ 4 naquela época, por exemplo, hoje valeria cerca de R$ 12,75, após correção inflacionária.
A moeda americana chegou a cair no início do dia com a notícia de que o Congresso Nacional manteve na madrugada desta quarta parte dos vetos da presidente Dilma Rousseff a projetos da chamada pauta-bomba, que ao todo poderiam resultar em gastos extras de R$ 128 bilhões até 2019.
O alívio, no entanto, durou pouco. Economistas avaliaram negativamente o fato de os parlamentares não terem conseguido analisar um dos pontos mais polêmicos da pauta -o veto ao projeto que reajusta o salário dos servidores do Judiciário em 59,5%, em média, nos próximos quatro anos-, por falta de quórum.
“Era uma das decisões consideradas mais difíceis, e foi adiada. Isso amplia a crise de confiança entre o governo e o mercado, que está sem rumo e não sabe o que esperar da economia no futuro”, disse Fernando Aldabalde, da gestora financeira Áquilla Asset.
Incertezas sobre o quadro fiscal brasileiro têm ampliado o risco de rebaixamento da nota de crédito do país. O governo tenta evitar um novo rebaixamento do rating brasileiro, a exemplo do que ocorreu no início do mês, quando a agência Standard & Poor’s cortou o rating do país, retirando seu selo de bom pagador.
O receio é que o Brasil também perca o chamado grau de investimento da Fitch ou da Moody’s. Com duas classificações de grau especulativo, grandes fundos estrangeiros têm que remover suas aplicações do país pelo risco maior de calote.
No caso da Fitch, a nota brasileira (“BBB”) está dois degraus acima do limite entre grau de investimento e especulativo, por isso mesmo que a agência resolva cortar a nota do país em um nível, o Brasil manteria o selo de bom pagador. (Folhapress)
Fonte: Jornal O Povo