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Publicado em: 30/09/2015

RIO GRANDE DO SUL - Corrupção: como cortar este mal pela raiz?

De tempos em tempos, a corrupção toma conta do noticiário e das discussões do dia-a-dia das pessoas.O grande problema é que, de modo geral, o debate sobre o tema é superficial, pois foca apenas nos sintomas, deixando de lado as causas estruturais da corrupção no Brasil.

Um exemplo da superficialidade com que a corrupção é tratada nos círculos de conversas está na quase completa ignorância de que, na origem dos esquemas de corrupção, está a sonegação, mal que assola o País cinco vezes mais.

O dinheiro que alimenta a corrupção, na forma de propina, provém do caixa-dois. São valores que não aparecem na contabilidade oficial da empresa, tendo, no máximo, um controle paralelo, informal, escondido, sendo de conhecimento apenas dos administradores e poucos funcionários. O único profissional que, por lei, possui a competência precípua de investigar as contas das empresas é o Auditor-Fiscal. Este profissional tem como missão exatamente descobrir valores não informados pelas empresas, pois é desses montantes que se pode aferir o que foi sonegado, ou seja, o que deixou de ser recolhido em impostos. Aliás, no dicionário, “sonegar” significa exatamente omitir, esconder informação. Daí que se pode dizer que dificilmente um escândalo de corrupção viria à tona se não fosse o trabalho de um Auditor-Fiscal.

De fato, o sistema político é o grande responsável pela corrupção que se entranha na máquina pública. Contudo de nada adiantará reformar a política brasileira se os órgãos de fiscalização e controle não tiverem autonomia para poder exercer seu trabalho sem interferência política.

No dia 30-9, em Brasília, haverá uma grande mobilização do Fisco de todo Brasil, justamente visando a chamar a atenção da população para este aspecto estrutural do debate acerca da corrupção. Há uma PEC, nº 186/07, cuja proposta é justamente combater a origem da corrupção, que é abastecida pelo dinheiro escondido, sonegado por empresas corruptoras. A população precisa, urgentemente, se apropriar desse tema.

Auditor-fiscal Christian de Azevedo, diretor de Comunicação do Sindifisco-RS e da Afisvec

Artigo publicado no Correio do Povo do dia 30/09/2015.

Fonte: Afisvec