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Publicado em: 06/10/2015

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BC prevê nova queda do PIB e mais inflação até o final deste ano

A economia brasileira deve encolher 2,85%, este ano, de acordo com a projeção de instituições financeiras consultadas pelo Banco Central (BC). Essa foi a 12ª piora consecutiva na estimativa para a queda do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no País – enquanto que, na semana passada, a estimativa estava em 2,8%. No próximo ano, a retração deve ser menor: 1%, a mesma projeção anterior. Os dados fazem parte do boletim Focus, pesquisa realizada entre economistas e instituições financeiras e divulgada, semanalmente, pelo BC. Esta recessão já vinha sendo detectada, há alguns meses, pelos especialistas de mercado, e vem piorando a cada nova estimativa do BC, fazendo com que os investidores acabem decidindo retrair a injeção de novos recursos no País.

De acordo com o economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos no Ceará (Dieese-CE), Ediran Teixeira, o PIB do Ceará teve um recuo de 5,32% no segundo trimestre deste ano, enquanto que o nacional caiu 2,6%, demonstrando o pessimismo dos investidores. “Esta perspectiva pessimista, revelada pelos números e pela dificuldade do mercado de se recuperar – pois esta crise é internacional –, aliada à especulação e à instabilidade política brasileira, acaba afugentando os investimentos do País. Afinal, o Governo é um dos maiores fomentadores da indústria e de obras de infraestrutura. Estamos voltando aos patamares de desemprego de 2012, mas naquela época a nossa economia estava bem, enquanto que, hoje, a situação é totalmente adversa. Está havendo até um aperto nos salários, queda de arrecadação e baixa perspectiva de melhora do investimento”, disse.

As estimativas para a inflação também pioraram. A estimativa do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu pela terceira vez seguida, ao passar de 9,46% para 9,53%, este ano. Para 2016, no nono ajuste seguido, a projeção passou de 5,87% para 5,94%. As projeções para a inflação estão acima do centro da meta, de 4,5%, estipulada pelo Governo Federal. E, no caso de 2015, a estimativa supera também o teto da meta, 6,5%.

Câmbio e juros

Os economistas ajustaram, ainda, suas previsões para a taxa de câmbio no fechamento de 2015 para R$ 4,00. Há uma semana, esperava-se o câmbio em R$ 3,95. A previsão para o câmbio no fechamento de 2016 foi mantida em R$ 4,00, a mesma previsão da semana anterior. Embora a moeda norte-americana já tenha atingido esse patamar nas últimas semanas, chegando a bater em R$ 4,20, depois houve recuo da cotação. “Esse dólar alto melhora um pouco a nossa balança comercial, com nossas exportações, mas o País também importa muitos implementos e fertilizantes, o que acaba ficando mais dispendioso para os agricultores brasileiros, refletindo-se no preço dos alimentos nas feiras e supermercados”, ressaltou Ediran.

Após o Banco Central ter mantido os juros estáveis em 14,25% ao ano no começo de setembro, o maior patamar em nove anos, o mercado manteve a estimativa de que não devem ocorrer novos aumentos de juros em 2015. Para o fim de 2016, a estimativa permaneceu em 12,5% ao ano - o que pressupõe reduções da taxa Selic ao longo do ano que vem. “O Brasil, quando precisa recuperar a sua economia, aumenta a taxa de juros, o que é um erro. Isso beneficia apenas dois setores: os bancos e a Bolsa de Valores, que são meramente especulativos, não o setor produtivo, como a nossa indústria e agricultura”, completou o economista do Dieese-CE.

Fonte: O Estado do Ceará