VETOS PRESIDENCIAIS - Governo sofre segunda derrota após reforma
A reforma ministerial que tentou dar governabilidade ainda não surtiu efeito na prática e rende novos problemas ao governo da presidente Dilma Rousseff no Congresso Nacional. A turbulência persiste na base aliada
O Governo Federal sofreu a segunda derrota na mesma semana no Congresso Nacional após a reforma ministerial. Pelo segundo dia consecutivo, a articulação governista não conseguiu dar quórum para a análise dos vetos presidenciais. O cenário nebuloso na Câmara dos Deputados é alimentado pelos próprios partidos da base aliada. Exigência por cargos de segundo e terceiro escalão é um dos principais entraves. Dos 257 deputados necessários na sessão, apenas 223 registraram presença. Já entre os senadores, 68 dos 81 estavam em plenário.
O senador Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Congresso Nacional, afirmou que ainda não há nova data agendada para a apreciação dos vetos. “Vamos avaliar quando é prudente, recomendável, convocar (nova sessão). Não tenho ainda uma decisão. Vou examinar, fazer essa avaliação”, disse.
O líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), criticou a articulação do governo na Câmara. “Foi lamentável, não tem o que dizer. É inacreditável essa falta de mobilização e, consequentemente, apesar de o Senado ter novamente dado quórum suficiente isso não aconteceu na Câmara. Eu lamento profundamente. Foi feita uma reforma e aparentemente ela não dá nenhum resultado. Ela está dividindo mais as bancadas governistas. Quem perde é o País”.
Reforma ministerial
A expectativa do governo ao fazer a reforma ministerial há poucos dias era garantir a governabilidade que andava em ritmo turbulento desde o início do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff (PT). Ao PMDB, o governo deu sete ministérios, e rearranjou partidos insatisfeitos no primeiro escalão, como foi o caso do PDT.
A movimentação do Executivo em prestigiar o maior partido aliado, no entanto, criou problemas com aliados de “menor expressão”. O descontentamento das demais legendas que compõe a base foi evidenciado na sessão conjunta de ontem. A ausência dos líderes do PP, Eduardo da Fonte; PSD, Rogério Rosso; PTB, Jovair Arantes e PR, Maurício Quintela, na apreciação dos votos acendeu alerta vermelho no Planalto.
A insatisfação é uma só: prestígio amplo ao PMDB. O deputado Arnon Bezerra (PTB) afirmou que a legenda “notou que o PMDB foi prestigiado amplamente. Não teve uma conversa com os demais partidos aliados”.
O deputado Ronaldo Martins (PRB) afirmou que seu partido e o bloco (PRB, PTN, PMN, PRP, PSDC, PRTB, PTC, PSL e PT do B), que reúne 38 parlamentares, se sentem desprestigiados. “Vemos que o governo presenteou o PMDB com sete ministérios e nós nem somos recebidos”. (com agências)
Saiba mais
Dez parlamentares cearenses deixaram de dar presença na sessão do Congresso Nacional que analisaria os oito vetos presidenciais.
O número é praticamente 50% dos deputados cearenses, já que o Estado possui 22 parlamentares na Câmara dos Deputados.
Todos os senadores cearenses registraram presença na sessão conjunta do Congresso.
Deputados da oposição:
Danilo Forte (PSB)
Moroni Torgan (DEM)*
Raimundo Matos (PSDB)
Genecias Noronha (SD)
Moses Rodrigues (PPS)
Adail Carneiro (PHS)**
*O deputado encontra-se viajando para fora do Brasil, conforme informação da assessoria de imprensa.
** Segundo a assessoria, o parlamentar encontra-se hospitalizado em Fortaleza.
Deputados governistas também deixaram de comparecer à sessão:
Luizianne Lins (PT)
Arnon Bezerra (PTB)
Ronaldo Martins (PRB)
Gorete Pereira (PR)***
*** A parlamentar está fora do Brasil em viagem oficial representando a Secretaria da Mulher, segundo a assessoria de imprensa.
Fonte: O Povo