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Publicado em: 10/02/2014

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JUROS - Quais as diferenças entre o que se investe e o que se paga

10/02/2014.

A rentabilidade dos juros depende do tipo de operação e risco que ela possui no mercado financeiro

Depositar dinheiro no presente para obter uma boa quantia no futuro. Independente da renda fixa (caderneta de poupança,títulos da dívida pública, etc), a impressão que fica é que o investidor terá lucros mínimos ante à taxa de juros cobrada pelos bancos para obtenção de crédito de múltiplas operações.

De acordo com o mestre em economia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Ricardo Coimbra, o fator que determina a cobrança dos juros bancários é o tipo de operação financeira contratada pelo cliente e o risco que ela possui ao mercado. No financiamento de um automóvel, por exemplo, o banco necessita angariar recursos de custeio do bem para o cliente.“Para que os bancos possam emprestar dinheiro aos clientes deficitários, eles precisam captá-lo primeiro. E a opção são os correntistas superavitários”, afirma. A inadimplência dos consumidores é um dos parâmetros que determina o risco da operação.

A taxa de captação, custos operacionais e o lucro que o banco acresce ao empréstimo tomado, chamado de “spread” bancário, aumentam o valor da cobrança dos juros. “À medida que os contratantes dão garantias nas operações, as taxas de juros passam por reduções”, afirma Coimbra. Entre as garantias estão financiamentos antigos honrados, fidelidade com a instituição, etc.

O vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF-CE), Ênio Leão, diz que a baixa concorrência entre os bancos nacionais prejudica a redução das taxas de juros. “Falam da dificuldade de cobrar um débito na justiça. Por outro lado, têm lucratividade maior que o restante do mundo. Isso deriva da baixa concorrência do mercado bancário”.

Uma das soluções para o barateamento do crédito, segundo ele, seria a criação de um “cadastro positivo” unificado para os bancos, onde teriam acesso ao histórico do cliente “bom pagador”, ofertando-lhe assim condições diferenciadas de crédito.

“O cliente tomaria crédito mais barato. Mas os bancos não conseguem ter essa informação, gerando uma assimetria, e evitando melhores condições de juros no mercado”.

Rendimento

Por que a poupança tem menos rentabilidade para o cliente se comparado com o financiamento de um banco? Por se tratar de uma operação financeira de volatilidade ínfima à instituição financeira contratada. “É um ativo de risco zero. Quanto menor o risco, menor será seu retorno”, afirma o economista Célio Fernando.

Segundo ele, o ativo não se aplica ao financiamento de automóveis. “A poupança é fonte de captação de financiamento imobiliário estabelecido por Lei”. Porém, a vantagem está na ausência do pagamento do imposto de renda sobre juros, que pode variar de 15% a 22% da renda fixa obtida em operações de títulos da dívida pública. Em caso de possível falência do banco, o governo é garantidor do valor perdido.

Na renda variável, como o Índice Bovespa (indicador de desempenho da Bolsa de Valores de São Paulo), há lucro ou prejuízo por causa da expectativa do mercado em relação à valorização ou depreciação dos papéis negociados. “O índice vê o comportamento da compra e venda das ações. O alto risco é atribuído ao fato de não saber se aumentam ou diminuem seu valor”, ressalta o mestre em economia Ricardo Coimbra.

Saiba mais

Dúvidas sempre aparecem quando o consumidor deseja comprar um bem de maior valor. Vale lembrar que algumas questões devem ser avaliadas, como a necessidade e a urgência da compra.

O economista e professor de finanças da Universidade Federal do Ceará (UFC), José Moraes Feitosa, destaca que “aplicar na poupança e esperar para comprar o produto à vista, pleiteando um desconto, é a melhor das opções”, frisa. A alternativa é bem aceita pelo consumidor por ser um dos investimentos mais simples do mercado.

Para Feitosa, a segunda opção seria buscar um financiamento com baixas taxas de juros ou dar uma parcela maior de entrada e pagar o restante das parcelas no cartão.

O economista observa que um consórcio é bom para quem que não tem urgência na compra. “Teoricamente, o consórcio não tem juros, mas tem taxa de administração e cartas de crédito. Deve ser avaliado com atenção”, sugere.

 

Repórter: Átila Varela

Fonte: Jornal O Povo