NÍVEL DOS R$ 2,30 - Maior oferta de dólar faz cotação cair
10/03/2014.
Após zanzar ao redor de R$ 2,40 há poucas semanas, a cotação do dólar comercial perdeu suporte e namora agora um nível mais próximo de R$ 2,30? A moeda americana fechou a última quinta-feira, vendida por R$ 2,32. É a cotação mais baixa desde 10 de dezembro, portanto em três meses, quando estava valendo R$ 2,31.Nesse intervalo de tempo, o dólar chegou a encostar em R$ 2,45, em momentos de estresse alimentado pelas incertezas com as mudanças na economia dos Estados Unidos e pela desconfiança em relação à política econômica brasileira.
O temor de que a indisciplina nos gastos públicos, em cenário de pouca transparência, pudesse levar ao rebaixamento de nota de dívida do País pelas agências de classificação de risco estimulou a saída de investidor estrangeiro, o que pressionou a cotação do dólar.Esse sentimento de desconfiança foi aparente e momentaneamente revertido com a mudança da posição do governo em pontos importantes da política econômica: compromisso de corte de gastos públicos e manutenção do ciclo de alta da taxa de juros para manter a inflação sob controle, além de maior vigilância e controle da variação do dólar. A política de juros altos combinada com o aceno de maior rigor no controle de gastos públicos inverteu a trajetória do dólar, pelo aumento de oferta da moeda americana, que chega ao País atraído pelos juros atraentes em aplicações de renda fixa.
Controle inflacionário
Um dólar mais comportado, por sua vez, ajuda no controle da inflação, sem que o Banco Central tenha de apertar ainda mais a política monetária.
Segundo dados de especialistas em mercado financeiro, o ingresso líquido (diferença entre entradas e saídas) de capital estrangeiro para aplicação no mercado doméstico de renda fixa somou US$ 2,7 bilhões em janeiro, volume que alcançou US$ 2,013 bilhões em fevereiro, até dia 19. São, no total, quase US$ 5 bilhões de entrada líquida de capital em menos de dois meses.
Profissionais têm notado que parte do capital estrangeiro aplicado em ações na bolsa local também se tem deslocado para aplicações em títulos de renda fixa, por causa dos juros altos.
É esse ingresso de dólares para aplicação em renda fixa que tem compensado em parte o saldo negativo na entrada de dólares pela balança comercial, com vendas ao exterior, e aliviado a pressão sobre os preços da moeda americana no mercado doméstico. Dados divulgados pelo governo na última quinta-feira, dia 6, apontam um saldo negativo de US$ 2,125 bilhões (volume de importações superior ao de exportações) na balança comercial em janeiro, que somado ao déficit de US$ 4 bilhões de janeiro acumula um rombo de US$ 6,1 bilhões nos dois primeiros meses de 2014.
Fonte: Diário Online (Jornal Diário do Nordeste)