Eletrobras negocia com governo injeção de R$ 12 bi para se reequilibrar
04/04/2014.
Em uma situação financeira delicada após dois anos de prejuízos bilionários, a Eletrobras negocia com o governo federal uma injeção de R$ 12 bilhões para se reequilibrar e fazer caixa para investimentos nos próximos anos.
Caso o dinheiro entre, a conta será paga por todos os consumidores do país, possivelmente em 30 anos.O acerto de como se dará esse pagamento depende de proposta em elaboração pela Aneel da palavra final dos ministérios da Fazenda e de Minas e Energia.
A Eletrobras receberia a compensação por investimentos feitos no sistema de transmissão e melhorias em usinas antes de 2000, os quais não foram levados em consideração em outro acordo do setor elétrico com o governo.
Numa outra indenização que já está sendo paga, R$ 14 bilhões vão, de modo parcelado, para o caixa da estatal a fim de ressarci-la por perdas decorrentes dos novos contratos de concessão de usinas, que permitiram no ano passado a redução das tarifas de energia.
Nesse cálculo, porém, ficaram de fora o investimento em transmissão e outro, menor, feito em hidrelétricas, todos antes de 2000.
O governo dispunha de R$ 19 bilhões num fundo setorial de energia e arbitrou 2000 como parâmetro para os pagamentos. A Eletrobras, porém, recorreu à Aneel em 2013 para incluir os investimentos anteriores a 2000 no pacote de indenizações do setor.
A Folha apurou que a estatal não prevê receber os recursos de imediato. Por isso os reserva para investimentos futuros.
A previsão é que a agência reguladora, responsável pelo cálculo do valor a ser indenizado, apresente sua proposta até maio.
"Essas indenizações serão submetidas ao Ministério de Minas e Energia, que definirá a forma de pagamento", disse a Aneel, sem dar detalhes. A tendência, porém, é que se faça o repasse ao consumidor, diluído em 30 anos.
PERDAS
Apesar das perdas dos últimos dois anos, o diretor financeiro da Eletrobras, Armando Casado, mostrou-se otimista com o resultado da companhia neste ano e previu o retorno ao lucro. Em 2013, a estatal teve prejuízo de R$ 6,3 bilhões. Em 2012, de R$ 6,9 bilhões.
Para o executivo, o prejuízo decorreu sobretudo de "efeitos não recorrentes", concentrados no ano passado, como o gasto de R$ 1,7 bilhão em indenizações de empregados que aderiram ao programa de demissões incentivadas.
A expectativa da estatal é ter uma geração de caixa de, ao menos, R$ 77 milhões neste ano -em 2013, a cifra ficou negativa em R$ 3,7 bilhões. A "virada" será possível graças ao aumento de receita com novas usinas (como Jirau) e corte de custos.
Fonte: Folha Online (Jornal Folha de S. Paulo)